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Alexandre Curi assume presidência da Alep com planos para 2026

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Data: 03/02/2025 10:40:17

Fonte: gazetadopovo.com.br

Demorou mais tempo do que planejava, mas Alexandre Curi (PSD) chegou ao principal cargo do Legislativo estadual. Com a posse da presidência da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) nesta segunda-feira (3), ele consolida uma trajetória política que começou no ano 2000, então como vereador de Curitiba, e se coloca como um dos principais nomes para as eleições de 2026, seja para governador ou para senador.

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Alexandre Curi tem esse plano bem desenhado, mas depende das articulações para definir o cargo a concorrer. E depende, especialmente, de quem o governador Ratinho Junior (PSD) pretende lançar como sucessor ao Palácio Iguaçu. Poder de articulação não lhe falta — Curi é considerado um deputado habilidoso, assim como foi o avô Aníbal Khury, um dos políticos mais emblemáticos do estado, falecido em 1999.

O certo é que a definição que pode pesar a favor dele passa pelo exercício do cargo de presidente da Alep no biênio 2025-2026. Com menos de dois anos até a próxima eleição, Alexandre Curi ganhará visibilidade, ainda mais em uma posição que ficou desgastada pelo deputado Ademar Traiano (PSD) por causa do acordo firmado com o Ministério Público (MP-PR) e homologado pela Justiça, no qual ele confessou a negociação e o recebimento de propinaTraiano ocupou a presidência da Casa de 2015 a 2025, sem interrupções.

“Através de uma grande gestão como presidente da Assembleia e com meu grande conhecimento dos municípios e das regiões do Paraná, eu estarei preparado para disputar um cargo maior em 2026”, disse Curi à Gazeta do Povo. Segundo ele, o trabalho no principal posto da Alep vai lhe dar o “reconhecimento da população como merecedor de um cargo majoritário” e “dentro de nosso grupo político, que tem como presidente a maior liderança política do Paraná [Ratinho Junior], também poderemos ter esse reconhecimento.”

Alexandre Curi é um dos nomes cotados para o Palácio Iguaçu em 2026, em uma lista que tem o atual secretário de Planejamento do Paraná, Guto Silva; o deputado federal Beto Preto (PSD); o vice-governador Darci Piana (PSD); e até o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD).

Independente do candidato de Ratinho Jr., o adversário principal deverá ser o senador Sergio Moro (União Brasil) — uma pesquisa* da Quaest de dezembro de 2024 aponta liderança do ex-juiz da Lava Jato, em um cenário que entrou Greca como representante do PSD.

Através de uma grande gestão como presidente da Alep e com meu grande conhecimento dos municípios e das regiões do Paraná, eu estarei preparado para disputar um cargo maior em 2026”

Deputado Alexandre Curi (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná

O cargo de presidente da Alep também pode conferir algumas vantagens com o governador, especialmente na tramitação de projetos considerados estratégicos para o Executivo do Paraná. Tem sido praxe, por exemplo, o envio de projetos em regime de urgência para a Casa, como nos casos das privatizações da Copel e da Celepar.

Curi defende “manter uma boa relação com o governo do estado, claro, respeitando a independência dos poderes”, mas ele promete que os “grandes projetos para o estado” deverão ser “previamente debatidos com os deputados e principalmente com a sociedade paranaense.”

Escândalo dos Diários Secretos adiou planos de Alexandre Curi

Curi foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2002, tendo sido o mais votado do Paraná na eleição seguinte, com mais de 130 mil votos. Um resultado que lhe deu envergadura para se tornar o 1º secretário da Alep entre 2007 e 2010 — o cargo é o segundo mais importante do Legislativo estadual. O período, porém, coincidiu com a divulgação da série Diários Secretos, levantada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, que revelou, entre outras denúncias, a nomeação irregular de servidores da 1ª Secretaria.

Então responsável pela gestão da Casa, Curi foi alvo de duas investigações criminais, que apontavam para uma rede de aliados políticos que indicava pessoas para destinarem parte dos salários que recebiam na Assembleia para pessoas ligadas ao deputado. Além disso, nomeados em cargos de confiança na 1ª Secretaria não prestavam serviços na sede da Alep, e faziam trabalhos de teor político em cidades do interior.

“Não há nenhum político do Paraná que teve a vida tão investigada quanto eu”

Deputado Alexandre Curi (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná

As investigações foram barradas pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) antes mesmo de virarem ações penais — de acordo com o TJ-PR, o Ministério Público cometeu o erro primário de não ter solicitado autorização para a abertura da investigação.

Apesar de não se tornar réu nem ser condenado, o nome de Curi ficou ligado aos Diários Secretos, o que afetou sua imagem no meio político. Nas urnas, entretanto, ele seguiu renovando o cargo — ele está no sexto mandato de deputado estadual. Mesmo assim, precisou adiar os planos de chegar à presidência da Alep e, consequentemente, concorrer a cargos majoritários.

“Não há nenhum político do Paraná que teve a vida tão investigada quanto eu”, afirmou Curi, destacando que todos os processos contra ele foram arquivados e “comprovaram a minha inocência”. Esse revés foi considerado por ele “um grande aprendizado na trajetória política”. Por isso, acabou voltando à Mesa Executiva somente em 2023, como 1º secretário.

Curi sucede Traiano, cinco vezes presidente

Pelo caminho natural, o próximo passo de Curi seria a presidência da Alep, o que se confirmou em novembro ao encabeçar a única chapa na disputa — ele havia sido eleito em agosto, mas o processo foi anulado após uma série de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra antecipação de eleições nas assembleias estaduais do país.

Além de Curi, a chapa elegeu Gugu Bueno (PSD) como 1º secretário; Maria Victoria (PP) na 2ª Secretaria; Flávia Francischini (União) como 1ª vice-presidente; Delegado Jacovós (PL) como 2º vice-presidente; Moacyr Fadel (PSD) como 3º vice-presidente; Requião Filho (sem partido) como 3º secretário; Alexandre Amaro (Republicanos) como 4º secretário; e Goura (PDT) como 5º secretário.

A eleição de Curi quebrou uma sequência de cinco períodos consecutivos de Ademar Traiano no cargo de presidente da Alep. Apesar de perder espaço para tentar pela sexta vez a presidência, Traiano foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal comissão da Casa.

Ex-1º secretário da última gestão de Traiano, Curi diz que no período na Mesa Executiva não houve nenhuma irregularidade. “Eu posso assegurar a legalidade de todos os contratos assinados”, respondeu ele, adiantando como pretende exercer o cargo de presidente da Alep: “Sem me comparar a ninguém, pretendo impor o meu ritmo aqui aos trabalhos do Legislativo, colocando dinamismo, vencendo a burocracia e inovando.”

  • Metodologia da pesquisa citada: 1.100 entrevistados pela Quaest entre os dias 4 e 9 de dezembro de 2024. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais.



enquete encerrada

resultado parcial






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