Alvo de operação na semana passada, deputado Samuel Dantas acusa promotora de “alterar provas”
Data: 17/02/2025 16:10:27
Fonte: plural.jor.br
O deputado estadual Samuel Dantas (Solidariedade) comentou pela primeira vez nesta segunda-feira (17) a operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que fez buscas e apreensões no gabinete dele na Assembleia Legislativa e em sua casa em Curitiba. O parlamentar se disse perseguido pelo MP-PR, acusou a promotora responsável pelo caso de alterar provas e se comparou a “bruxas” queimadas na Idade Média e a negros escravizados.
Na semana passada, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) expediu 23 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Dantas. Segundo a assessoria do MP-PR, a Operação Janus apura a possível prática dos crimes de concussão e peculato, que poderia indicar a prática de “rachadinha” (quando o funcionário público se apropria de parte dos salários de seus subordinados).
O deputado não se manifestou na semana passada. Nesta segunda-feira, ocupou a tribuna da Assembleia para dizer que está sendo vítima de perseguição. Ele citou a prisão de um ex-assessor, em novembro do ano passado. Conhecido como Maranhão, o ex-assessor foi preso em flagrante pela Polícia Civil ao tentar extorquir o parlamentar em R$ 250 mil para não divulgar fatos que poderiam prejudicá-lo.
“Venho sendo investigado há meses sem que haja qualquer prova ou indício concreto dos crimes que me imputam. A investigação teve início a partir de depoimento de dois ex-assessores que foram demitidos por não trabalharem. Um deles permaneceu no cargo por apenas 27 dias. Curiosamente, ambos são amigos e apresentaram relatos idênticos, numa evidente demonstração de que seus depoimentos foram combinados”, disse Dantas.
Segundo o deputado, nos depoimentos os dois ex-assessores teriam dito que “ouviram dizer” sobre a prática da rachadinha, mas teriam confessado que não entregaram nenhum valor para o parlamentar (o processo está sob segredo de Justiça). “Ambos afirmam que nunca entregaram um centavo sequer”.
Dantas disse que, depois da prisão de Maranhão, a promotora responsável pelo caso “alterou provas”. “Alterou deliberadamente as datas das provas cruciais, como os vídeos gravados no dias 26 e 27 de novembro, registrando-os com data anterior, como se fossem gravados em outubro, numa tentativa evidente de desqualificar as evidências e enfraquecer o flagrante. Distorceu os fatos, omitiu provas e essenciais e ignorou gravações em que Maranhão admitia explicitamente a tentativa de extorsão”.
Segundo o deputado, o relaxamento da prisão de Maranhão foi pedido pela promotora. “Ou seja, considerou nós, parlamentares, como mentirosos, e um bandido salafrário como cidadão honesto”. O caso teria sido assumido pelo Órgão Especial do MP-PR sob a alegação de que delegado responsável pelo flagrante contra Maranhão tinha ligações com a campanha de Dantas. “Não apresentaram uma prova sequer para essa acusação”.
Segundo o parlamentar, os policias apreenderam o celular de sua mãe, que não tem nada a ver com o caso. “Conseguiram um mandado de busca e apreensão em minha residência, onde moro com minha esposa, filha de três anos e meu pai idoso. Revistaram também a chácara onde minha mãe de 70 anos reside. Ameaçaram que a levariam presa por ela não querer entregar o celular particular. Mais de 20 locais foram alvo de busca, tudo isso acompanhado de cobertura midiática que tentou retratar meu gabinete como se fosse uma organização criminosa”.
Em seguida, ele se comparou a “bruxas” da Idade Média e a negros escravizados “Durante a caça às bruxas na Europa, vilarejos inteiros ficaram sem mulheres, condenadas por acusações infundadas e queimadas na fogueira. Aqueles que riam no outro dia também estavam sendo queimados. Na escravidão, muitos negros foram vendidos pelos próprios semelhantes. Aqueles que vendiam tempos depois se tornaram escravos. Hoje vivemos uma nova caça às bruxas, não contra mulheres ou negros, mas contra políticos eleitos”.
O parlamentar solicitou que a Assembleia investigue os “atos criminosos” que teriam sido cometidos contra ele. O Plural entrou em contato com a assessoria do MP-PR e fica à disposição caso o órgão queira se manifestar sobre as declarações de Samuel Dantas.
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