Imperatriz e Viradouro são destaques no 1º dia do Grupo Especial do carnaval do RJ em 2025
Data: 03/03/2025 04:15:32
Fonte: g1.globo.com
Marquês de Sapucaí — Foto: Marco Terranova/Riotur
Imperatriz Leopoldinense e Unidos do Viradouro foram os destaques da primeira noite dos desfiles do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (2).
Unidos de Padre Miguel, que estreou na elite, e a Estação Primeira de Mangueira também fizeram bons desfiles, em um noite repleta de enredos com temática afro.
O som falhou em ao menos três momentos, no desfile de UPM, Imperatriz e Mangueira. A Liesa culpou a empresa que faz o som, e disse que os problemas foram corrigidos e “os desfiles transcorreram sem problemas na sequência”.
Nenhuma das escolas estourou o tempo, respeitando o máximo de 80 minutos. Na estreia do novo modelo de quatro desfiles por noite – eram seis –, a Mangueira encerrou sua passagem pela Sapucaí às 4h11, antes do amanhecer.
O tradicional arrastão – quando o público invade a pista em uma espécie de bloco atrás da última escola – até a Praça da Apoteose terminou, também pela primeira vez, em uma grande roda de samba.
Na segunda (3), desfilam na Sapucaí mais quatro escolas: Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel. Na terça (4) será a vez de Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela.
A apuração das escolas de samba do Rio de Janeiro acontece na Quarta-Feira de Cinzas (5).
A escola comemorou seu retorno para o carnaval carioca após 52 anos com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, uma homenagem à trajetória de Iyá Nassô, Francisca da Silva, figura fundamental na história do candomblé no Brasil.
O desfile destacou momentos importantes da vida e da luta de Iyá Nassô, enfatizando sua relevância na cultura afro-brasileira, protagonismo feminino negro e ressaltando a força das mulheres negras na construção da identidade nacional. A bateria também reforçou esse protagonismo feminino, com 40 mulheres ritmistas.
A Unidos de Padre Miguel levantou a Sapucaí com seu samba. Um dos destaques da UPM foi o abre alas, com três carros acoplados representando o império de Oyó. Outro carro da escola soltou cheiro de colônia durante o desfile, usado em banhos de ervas.
Comissão de frente da Unidos de Padre Miguel tem Jéssica Ellen representando Marcelina de Obatossi
A atual vice-campeã busca o 10º título em 2025 com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – água fresca para o Senhor de Ifón”, que conta a visita de Oxalá ao reino de Oyo, governado por Xangô. Na jornada, após descumprir os conselhos de um babalaô para desistir da viagem e de fazer oferendas a Exu, Oxalá enfrenta uma série de obstáculos, que resultam na prisão do orixá.
A Imperatriz Leopoldinense levantou a arquibancada e fez o público cantar do começo ao fim. Da comissão de frente ao último carro, a agremiação contou a história de Oxalá até Xangô e os percalços enfrentados por Oxalá ao se recusar a fazer oferendas a Exu.
O abre-alas apresentou um tributo ao senhor de Ifón. No segundo carro, a espera de Exu pela oferta de Oxalá, que não veio. O último carro trouxe a purificação de Oxalá. Na bateria, os 250 ritmistas representaram Oxalá, com um fardo de sal nas costas, mais uma provocação de Exu.
Comissão de frente da Imperatriz se apresenta na Sapucaí
A atual campeã do carnaval carioca trouxe para a Sapucaí a história de Malunguinho, grande herói do século 19, líder do Quilombo do Catucá, no Norte de Pernambuco. O enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos” mergulha na luta por liberdade e resistência, trazendo um forte diálogo entre culturas afro e indígena.
A escola abusou de efeitos holográficos que representaram a chave do cativeiro do catimbó, enquanto a comissão de frente trouxe drones que lançaram chapéus ao ar em meio a labaredas reais e fogo cenográfico.
A bateria pesadíssima da Viradouro, com 282 ritmistas, fez um percurso vibrante e sua rainha Erika Januza brilhou com uma fantasia dourada exalando fumaça.
Comissão de frente da Viradouro tem efeitos especiais como fogo, fumaça e chapéus voadores
Última escola a entrar na Sapucaí, a Mangueira celebrou a contribuição dos povos bantos, de Angola, para a cultura, sociedade e religião do Rio de Janeiro, com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”.
A comissão de frente trouxe três momentos: a alegria da vida na África, o sofrimento da escravidão e o renascimento no Rio de Janeiro, com os “crias” dançando passinho e pipas em drones, símbolos das comunidades cariocas e parte da herança banto da cidade.
O público cantou o samba do início ao fim do desfile e acompanhou a bateria, que misturou ritmos, indo do funk para a macumba. A ala “Palavra Plantada” celebrou de forma majestosa a influência banta da língua portuguesa no Rio de Janeiro e o “pretuguês”, trazendo espadas de Santa Bárbara e palavras como “bamba”, “bunda”, “pinga”, “cuíca” e “xodó” nos figurinos.
Pipas em drones da Mangueira chamam a atenção na Sapucaí