Um dos mais importantes prêmios recebidos pelo cinema brasileiro em toda história, o Oscar de ‘Melhor Filme Estrangeiro’ para “Ainda Estou Aqui” marca um momento especial na cultura do país.

Pelo tratamento ao mesmo tempo corajoso e delicado a respeito de uma tragédia que marca a história do pais – a tortura e assassinato do empresário e deputado Rubens Paiva pela ditadura de 64 –, “Ainda Estou Aqui” constitui um filme corajoso e sempre oportuno, num universo onde a preservanção da memória histórica constitui uma luta nem sempre vitoriosa.

Dirigido com segurança e apuro dramático, “Ainda Estou Aqui” não só constitui, acima de tudo, um documento valioso, mas permite reflexões e emoções sobre um período de covardia e violência política, quando os governos constitucionais foram substituídos por uma ditadura militar de duas décadas, produzindo descalabros e tragédias que todos conhecemos.

Numa cultura habituada a manter a memória histórica na penumbra, a parceria do escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do texto original, e do diretor Walter Salles, já reconhecido por trabalhos anteriores, resultou numa obra ao mesmo tempo brutal pelo tema e delicada pelo tratamento.

É politizada e envolvente em doses adequadas, opção que permite oferecer um olhar contemporâneo a fatos ocorridos meio século atrás. Com precisão e delicadeza, e a indispensável indignação diante de um período escabroso de nossa história, “Ainda Estou Aqui” fala de dores que não se curam e crimes históricos que são impossíveis de esquecer e muito menos perdoar.

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