Baixar Notícia
WhatsApp

Relatório aponta queda de desempenho em 17 escolas da Diretoria de Ensino de Americana

Acessar notícia original

Data: 20/04/2025 07:25:57

Fonte: liberal.com.br


Relatório do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), ao qual o LIBERAL teve acesso, revela que 17 escolas da rede estadual pertencentes à Diretoria de Ensino de Americana registraram queda em seus indicadores de desempenho educacional na comparação entre 2023 e 2024.

Tais unidades compõem o chamado Grupo G1, que representa 21,5% do total de 79 escolas avaliadas na região, que compreende Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa. O dado acende um alerta, uma vez que mais de um quinto das escolas da diretoria apresentaram retrocesso. 



O relatório classifica a intensidade da regressão das escolas em quatro níveis: severa, alta, moderada e preocupante.

Quatro escolas (23,5%) apresentaram regressão severa, ou seja, queda superior a 5% em seus indicadores. Cinco escolas (29,4%) registraram regressão alta, entre 3% e 5%. Outras sete escolas (41,2%) tiveram regressão moderada, de 1% a 3%, e uma única escola (5,9%) teve regressão considerada preocupante, com queda inferior a 1%.  



Chama atenção que, entre as escolas que regrediram no desempenho, quase metade é do modelo PEI (Programa de Ensino Integral). Das 17 escolas, oito são de ensino integral, o que corresponde a 47,1% do total.

Entre as escolas que mais regrediram está a Professora Delmira de Oliveira Lopes, no Mathiensen, em Americana, que apresentou a maior queda percentual, com uma regressão de 10% em seu desempenho. A nota consolidada caiu de 5 para 4.



Outra escola em destaque negativo é a Professora Luzia Baruque Kirche, do Conjunto Habitacional Roberto Romano, de Santa Bárbara, que anotou queda de 7%, reduzindo sua nota de 4 para 3. 

As escolas Professora Neuza Maria Nazatto de Carvalho, do Mollon, em Santa Bárbara, e Professora Niomar Apparecida Mattos Gobbo, do Parque Gramado, em Americana, também tiveram queda de 6%, mas ambas não pertencem ao modelo de ensino integral.

A nota média consolidada das 17 escolas foi de 3,47, enquanto a meta “ouro”, estabelecida como referência de qualidade, era de 4,29. A regressão média entre essas escolas foi de 3,5%. Embora algumas unidades tenham mantido índices satisfatórios de frequência, isso não foi suficiente para evitar a queda no desempenho acadêmico. 

Siga o LIBERAL no Instagram e fique por dentro do noticiário de Americana e região!

A análise do relatório identificou alguns padrões que podem estar relacionados à queda no desempenho. Entre eles, variações nos índices de frequência, com algumas escolas não atingindo as metas mínimas estabelecidas. Em alguns casos, mesmo com infraestrutura considerada razoável e presença dos alunos, o desempenho caiu.

Com base nesses dados, o relatório propõe uma série de recomendações para reverter o cenário das escolas, como a realização de diagnósticos pedagógicos aprofundados, acompanhamento técnico mais próximo das equipes escolares, intervenções formativas com professores e gestores, revisão dos planos de ação das escolas PEI e reforço nas estratégias de recuperação e nivelamento de aprendizagem, com foco nas disciplinas de língua portuguesa e matemática. 

Apesar desse recorte, o cenário geral da Diretoria de Ensino de Americana se manteve predominantemente positivo. Do total de escolas analisadas, 44 unidades (55,7%) atingiram metas definidas pelo sistema de avaliação, enquanto outras 15 (19%) apresentaram evolução no desempenho. Apenas três escolas (3,8%) ficaram estagnadas.

Especialista e ex-diretor da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Sérgio Leite pontuou que o sistema público de ensino, especialmente o estadual, exige “revisão séria”.

“O problema exige uma revisão séria, que eu acho que não está havendo. Parece que as autoridades estão mais preocupadas em criar escola militar do que melhorar as condições de ensino da rede existente. É um problema antigo, são vários determinantes que explicam índices de fracasso escolar, medidos pela repetência e evasão, dois elementos fundamentais”, disse. 

Para Leite, o sistema de ensino trabalha com modelos teóricos de aprendizagem antigos.

“Temos de avançar em medidas que possibilitem aos professores recomporem uma condição de mediador pedagógico eficiente. Esse é o tema que estudo no grupo de pesquisa da Unicamp. Identificamos professores que têm sucesso e o que eles fazem em sala de aula para os alunos se apropriarem do conhecimento em termos cognitivos e afetivos. Isso me parece fundamental.”

Leite citou que melhorar o desempenho escolar passa também pela revisão de modelos de avaliação tradicional nas escolas.

“Com relação à avaliação, garanto que nosso sistema é agressivo nessa lógica de que o professor ensina e avalia [se o aluno aprendeu ou não somente na prova]. É uma lógica perversa. A lógica é o professor ensinar, avaliar e o professor rever as condições de ensino e o por que alunos não aprendem.”

“A escola precisa avançar na ideia de que o trabalho educacional é coletivo, não basta ter bons professores, eles devem trabalhar em torno de diretrizes e projetos em comum”. 

Estado cita medidas para fortalecer aprendizado

A Sedu-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) disse que promove uma série de iniciativas para fortalecer o aprendizado dos estudantes matriculados nos ensinos fundamental e médio.

As mudanças incluem apoio à alfabetização na idade certa em parceria com municípios paulistas, recuperação semestral com foco na recomposição da aprendizagem e ampliação de cursos de formação continuada para professores.

Faça parte do Club Class, um clube de vantagens exclusivo para os assinantes. Confira nossos parceiros!

“São Paulo reduziu de 11 para três o número de itinerários formativos – exatas, humanas e ensino técnico. A mudança permitiu que o aprofundamento se desse nas áreas em que estão as principais defasagens educacionais e também para garantir uma melhor preparação dos estudantes para os vestibulares. Além disso, neste ano, a matriz curricular da etapa aumentou em 60% o tempo destinado ao aprendizado de língua portuguesa, de dez para 16 aulas semanais, com novos componentes de redação e leitura. Em matemática, o percentual foi de 70% – de dez para 17 aulas e a inclusão na grade de educação financeira”, comunicou a secretaria.

A Seduc apontou que também aperfeiçoou os mecanismos de acompanhamento do rendimento escolar dos estudantes.

“Antes o registro de frequência era realizado de forma descentralizada e analógica, o que dificultava a atuação das escolas e diretorias de ensino. Agora as unidades têm mais claro quando e como devem agir ao primeiro indício de que um estudante não está mais frequentando as aulas com assiduidade. Após a terceira falta consecutiva a equipe da escola aciona o aluno e medidas de acolhimento são tomadas para garantir o retorno às salas de aula”. 

Escolas que regrediram

Escola Cidade Percentual de queda
Professora Delmira de Oliveira Lopes Americana 10%
Professora Luzia Baruque Kirche Santa Bárbara 7%
Professora Neuza Maria Nazatto de Carvalho Santa Bárbara 6%
Professora Niomar Apparecida Mattos Gobbo Amaral Gurgel Americana 6%
Professor Ary Menegatto Americana 5%
Professor Alexandre Bassora Nova Odessa 4%
Professor Geraldo de Oliveira Nova Odessa 3%
Professora Hylda Pardo de Oliveira Americana 3%
Professor Comendador Emilio Romi Santa Bárbara 2%
Professora Gemma Vasconcelos Camargo Capello Santa Bárbara 2%
Professora Maria de Lourdes Maia Frota Santa Bárbara 2%
Professora Olympia Barth de Oliveira Americana 2%
Professor Ulisses de Oliveira Valente Santa Bárbara 2%
Professora Dilecta Caneviva Martinelli Americana 1%
Professora Maria do Carmo Augusti Americana 1%
Professora Anna Maria Lucia de Nardo Moraes Barros Americana  <1%
Fonte: Saresp