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Chamado do papa Francisco ocorreu quando era adolescente; relembre episódios marcantes de sua vida

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Data: 21/04/2025 13:03:59

Fonte: www1.folha.uol.com.br


A vida do papa Francisco o levou de uma origem modesta em Buenos Aires, na Argentina, a liderar a Igreja Católica como o primeiro papa jesuíta e o primeiro da América Latina.

Ao longo de seus 12 anos como papa, Francisco constantemente deu destaque às causas dos imigrantes e dos marginalizados, além de pressionar a igreja a enfrentar mais diretamente sua própria história de escândalos.
Seus esforços para torná-la mais inclusiva foram bem recebidos por apoiadores e por muitos católicos, mas alguns conservadores reagiram contra seu afastamento dos ensinamentos tradicionais.

1936 – Um menino profundamente religioso

Francisco nasceu como Jorge Mario Bergoglio em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires. Seus pais eram imigrantes italianos, e ele era o mais velho de cinco irmãos. Quando criança, era inteligente, profundamente religioso e adorava dançar tango.

1952 – Chamado religioso

Aos 16 anos, Jorge estava correndo para encontrar os amigos, mas parou na Basílica de São José, em Buenos Aires, sentindo um impulso de entrar. No santuário, sentiu como se “alguém me agarrasse por dentro”, disse ele, acrescentando: “Ali mesmo soube que tinha que ser padre”. Posteriormente, ingressou no seminário.

1969 – Ordenação

Após 13 anos de estudos, Jorge Mario Bergoglio foi ordenado padre.

1973 – Líder jesuíta

O padre Bergoglio tornou-se líder dos jesuítas na Argentina. Na época, o país vivia uma “guerra suja”, quando a junta militar governante torturou, matou ou desapareceu com cerca de 30 mil pessoas. Bergoglio mais tarde enfrentou acusações de não ter feito o suficiente para proteger dois padres com visões contrárias ao governo, que foram sequestrados e torturados pelo regime. Ele negou as acusações, dizendo que protegeu os padres e a outros ao pressionar autoridades militares nos bastidores.

1979 – Exílio

O mandato de Bergoglio como líder dos jesuítas terminou em controvérsia, com críticos acusando-o de ter um estilo de gestão autoritário. As autoridades da igreja o enviaram para um exílio informal em Frankfurt, na Alemanha, e depois para Córdoba, na Argentina.

1992 – Uma reviravolta: Bispo

O exílio de Bergoglio foi interrompido quando, inesperadamente, ele foi nomeado bispo auxiliar da diocese de Buenos Aires. Seis anos depois, tornou-se arcebispo e passou a focar no apoio aos pobres. Foi elevado a cardeal em 2001.

2013 – O primeiro papa latino-americano

Francisco foi eleito papa após a renúncia de Bento 16, que atribuiu sua saída a problemas de saúde. Francisco tentou afastar a Igreja de temas divisivos como aborto e homossexualidade, concentrando-se em mudanças climáticas, pobreza e migração. Sua primeira viagem papal foi a Lampedusa, uma ilha italiana que se tornou símbolo da chegada de migrantes e refugiados.

2014 – Enfrentando abusos sexuais

Francisco criou uma comissão para enfrentar os escândalos de abuso sexual na Igreja Católica. A comissão incluía vítimas e buscava responsabilizar bispos, mas acabou se desfazendo.

2014 – Acordo EUA-Cuba

Estados Unidos e Cuba restabeleceram relações diplomáticas pela primeira vez em décadas. Francisco foi creditado como peça-chave para aproximar o presidente Barack Obama e o presidente cubano Raúl Castro, levando ao avanço histórico.

2015 – Apelo pelo meio ambiente

Francisco publicou a encíclica “Laudato Si”, a primeira centrada exclusivamente no meio ambiente. O documento pedia a proteção da natureza e denunciava os excessos do capitalismo global na exploração dos pobres.

2015 – Cuidando do rebanho americano

Durante uma visita de seis dias aos EUA, Francisco se tornou o primeiro papa a discursar no Congresso.

2016 – Conflito com Trump

Francisco se opôs repetidamente ao nacionalismo. Durante a eleição presidencial dos EUA, sugeriu que Donald Trump, então candidato republicano, “não era cristão” por preferir construir muros em vez de pontes. Trump respondeu: “Para um líder religioso questionar a fé de alguém é vergonhoso. Tenho orgulho de ser cristão.”

2017 – Viagem ao Egito

Francisco buscou relações mais próximas com outras religiões, especialmente em locais onde católicos corriam risco de perseguição. Em uma conferência no Cairo, denunciou “formas demagógicas de populismo” e a violência disfarçada de fé.

2018 – Acordo com a China

Francisco chegou a um acordo provisório com o governo chinês para encerrar uma disputa de décadas sobre a nomeação de bispos no país. O acordo deu mais acesso à Igreja na China, mas também legitimou sete bispos nomeados por Pequim, o que críticos consideraram um precedente perigoso.

2019 – Proteção de menores

Francisco emitiu a resposta mais abrangente da Igreja em décadas à crise de abuso sexual. Obrigou líderes eclesiásticos a reportar casos de abuso e tentativas de encobrimento aos seus superiores. Mas não exigiu que reportassem à polícia, o que indignou vítimas.

2019 – Sínodo da Amazônia

Um encontro de bispos da região amazônica recomendou que Francisco permitisse a ordenação de homens casados como padres em áreas remotas da América do Sul. Ele demonstrou abertura à ideia, mas não seguiu com a proposta.

2020 – Bênção durante a pandemia

Na Sexta-feira Santa, em uma Praça São Pedro escura e vazia, Francisco deu uma bênção e pediu solidariedade global diante da pandemia de coronavírus. Na época, a Itália estava em lockdown em meio a uma onda mortal do vírus.

2022 – Pedido de perdão aos povos indígenas

Durante uma visita ao Canadá, Francisco pediu perdão aos povos indígenas pelo mal infligido a eles por cristãos. Também se desculpou pelo papel da Igreja nos internatos onde crianças indígenas foram abusadas e muitas morreram.

2023 – Inclusão das mulheres

Pela primeira vez, Francisco realizou uma reunião global de bispos com mulheres e leigos como membros com direito a voto. O sínodo abordou temas delicados, como o papel das mulheres, celibato e estado civil dos padres, mas não houve mudança nas políticas. Após o encontro, Francisco permitiu que padres abençoassem casais gays.

2025 – Morte e legado

Francisco morreu nesta segunda-feira (21) às 7h35 locais (2h35 de Brasília), menos de um dia após abençoar os fiéis reunidos para a missa de Páscoa na praça São Pedro. Ele apareceu na sacada no domingo, com aparência frágil, e após abençoar a multidão, passou a palavra a um auxiliar do Vaticano.

Nos meses anteriores, Francisco lidou com sérios problemas de saúde, incluindo uma infecção respiratória severa que o levou a semanas de internação.

Ele deixa um legado de inclusão e ativismo, tendo frequentemente se posicionado em defesa dos migrantes, dos marginalizados e do meio ambiente.