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Morte do Papa Francisco: saiba como foi a última hora de vida do pontífice

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Data: 21/04/2025 15:26:45

Fonte: oglobo.globo.com

O anúncio da morte do Papa Francisco nesta segunda-feira aconteceu pouco mais de 24 horas após sua última aparição pública, durante o Domingo de Páscoa. Debilitado, o pontífice saudou os fiéis da sacada da Basílica de São Pedro.

Segundo o jornal Corriere Della Serra, Francisco acordou às 6 horas desta segunda-feira e estava bem. Cerca de uma hora depois, relatou estar passando mal. Ele morreu às 7h35. Segundo o Vaticano, a morte foi causada por um AVC e um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.

Quando e como foi a última aparição do Papa?

Em estado frágil, o Papa demonstrou determinação ao participar brevemente das celebrações pascais. Com a voz fraca e dificuldades respiratórias, repassou a leitura de sua mensagem a um colaborador, mas fez questão de deixar seu apelo final por paz e justiça. “Não há paz possível onde não há liberdade religiosa, liberdade de pensamento e expressão”, dizia o discurso escrito por ele, lido por um assessor diante da multidão emocionada.

Em sua mensagem, Francisco denunciou a crise humanitária em Gaza, pediu cessar-fogo e voltou a defender o desarmamento global.

Horas antes, o Papa havia recebido o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, em um breve encontro na Casa Santa Marta. A visita, marcada por cordialidade, ocorreu dois meses após duras críticas do Pontífice à política migratória do governo Trump. Francisco presenteou Vance com rosários, uma gravata com o brasão do Vaticano e ovos de chocolate para seus filhos.

— É um prazer vê-lo com melhor saúde — disse JD Vance ao Papa, de acordo com um vídeo divulgado pelo Vaticano. — Obrigado por me receber. Eu oro por você todos os dias. Que Deus o abençoe.

Durante a visita, temas como a liberdade religiosa, a perseguição aos cristãos e a crise migratória global foram discutidos. Embora divergentes em temas políticos, o Papa e o vice americano reforçaram o compromisso com o diálogo inter-religioso e a dignidade humana.

Seu último gesto pastoral foi a visita a uma prisão em Roma, na Quinta-feira Santa, quando se encontrou com cerca de 70 detentos. Foi o único compromisso oficial mantido durante a Semana Santa, já que sua saúde o impediu de participar da tradicional Via Sacra no Coliseu e da Vigília Pascal.

No sábado, pouco antes da vigília, ele fez uma breve aparição pública na Basílica de São Pedro para rezar diante da imagem da Virgem Maria. Depois, cumprimentou vários fiéis e distribuiu doces para as crianças.

A breve volta no papamóvel, no fim da manhã de domingo, foi um dos momentos mais emocionantes do dia, em que fiéis puderam vê-lo pela última vez em vida.

O Pontífice ficou internado por mais de um mês no Hospital Gemelli, em Roma, onde deu entrada em 14 de fevereiro com um quadro de bronquite que, posteriormente, evoluiu para uma pneumonia em ambos os pulmões. No fim de março, o Vaticano anunciou a previsão de alta, após uma melhora gradual no quadro de saúde.

Ele surpreendeu os fiéis ao aparecer na Praça São Pedro, no Vaticano, pela primeira vez após receber alta hospitalar, em 6 de abril. Diante de milhares de câmeras, o jesuíta abençoou os fiéis reunidos na praça e, em seguida, cumprimentou cada uma das pessoas atrás do altar que celebravam a missa dedicada aos doentes.

A alta do Papa Francisco era aguardada com impaciência diante das dúvidas crescentes sobre sua capacidade para retomar suas atividades. Ele foi diagnosticado com uma “pneumonia bilateral”. Os médicos explicaram, na época, que o Pontífice desenvolveu uma “infecção polimicrobiana”, que “exigiu o uso de antibioticoterapia com cortisona”, o que indica uma infecção bacteriana.

Desde sua eleição em 2013, Jorge Mario Bergoglio — o primeiro Papa latino-americano e jesuíta — dedicou-se à defesa dos pobres, dos migrantes e do meio ambiente.

Excepcionalmente, cristãos ao redor do mundo celebraram a Páscoa no mesmo dia este ano, já que o calendário gregoriano, seguido por católicos e protestantes, e o calendário juliano, seguido pelos ortodoxos, coincidiram.

Francisco apresentou um forte contraste em relação ao seu antecessor cerebral quando assumiu o papado, rejeitando os símbolos tradicionais do cargo e se aproximando dos mais desfavorecidos da sociedade, com a mensagem de que a Igreja é para todos.

Ex-arcebispo de Buenos Aires, mais à vontade entre os fiéis do que com os cardeais da Cúria Romana, Francisco promoveu reformas abrangentes no Vaticano e além.

Algumas dessas mudanças, como a reestruturação das finanças do Vaticano, o aumento do papel das mulheres e a abertura da Igreja para pessoas divorciadas e membros da comunidade LGBTQ, foram formalizadas em documentos oficiais.