Baixar Notícia
WhatsApp

Demanda global por ouro bate recorde histórico, aponta entidade do setor

Acessar notícia original

Data: 29/04/2025 04:32:55

Fonte: oglobo.globo.com

As cotações do ouro estão em níveis recordes porque a demanda também atingiu um nível histórico em 2024, totalizando 4.974 toneladas, segundo o relatório Tendências da Demanda por Ouro, do Conselho Mundial do Ouro, entidade que representa as mineradoras especializadas no mineral precioso.

Os bancos centrais, que recorrem ao ouro para acumularem reservas internacionais, e investidores do mercado financeiro, em busca de um ativo considerado de baixo risco, porque raramente perde valor, estão por trás da demanda aquecida, conforme o Conselho Mundial do Ouro.

“Os bancos centrais continuaram a absorver ouro em um ritmo impressionante em 2024”, diz o relatório. Foi o terceiro ano seguido em que as compras dos bancos centrais para acumular reservas superaram mil toneladas.

O ritmo de compras acelerou no quarto trimestre, para 333 toneladas, mas, em 2024, a demanda dos bancos centrais teve ligeira queda de 1% ante 2023. Já por parte dos investidores, a demanda atingiu o maior nível em quatro anos, com 1.180 toneladas, salto de 25% ante 2023, informa o relatório do conselho.

E é justamente a procura dos investidores que deverá seguir crescente, dada a incerteza causada pela guerra comercial.

O movimento é típico de momentos de crise econômica: em busca de aplicações menos arriscadas, investidores de todo o mundo correm para ativos de baixo risco, como o ouro e os títulos públicos dos países desenvolvidos, especialmente dos EUA.

A particularidade da crise causada por Trump — que, além de virar a política de comércio exterior americana de cabeça para baixo, desferiu críticas ao Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nas últimas semanas — é que ela mina a credibilidade da política econômica americana.

Como reação, os Treasuries, como são chamados os títulos públicos americanos, tiveram uma desvalorização atípica ao longo dos pregões turbulentos que marcaram o dia a dia dos mercados financeiros globais desde o anúncio do tarifaço, em 2 de abril. O mesmo ocorreu com o dólar, que se desvalorizou perante as principais moedas do mundo.

“O ouro parece ser o claro beneficiário dos debates intensos em torno do dólar americano, e temos visto o preço do ouro em modo fera absoluto”, diz uma nota divulgada em meados de abril por Chris Weston, chefe de pesquisa da corretora Pepperstone, segundo a agência Bloomberg.

A visão de alguns operadores, segundo Weston, é que “o ouro está simplesmente quente demais para vender a descoberto, mas também sobrecomprado demais para entrar na onda”.

Igor Guedes, analista da corretora Genial Investimentos, concorda que as ações das mineradoras de ouro são as únicas que têm boas perspectivas, dados os recordes nas cotações do mineral. Mas os níveis atuais poderão não se manter, porque, segundo ele, as restrições ao comércio entre EUA e China foram tão elevadas que não é possível que não haja um acordo entre as duas maiores economias do planeta.

— Se os EUA entram num acordo com a China, isso diminui consideravelmente o medo de uma recessão global. E aí o ouro vai começar a devolver (ganhos nas cotações). Ele hoje está nesse patamar de preço porque o mercado está com medo. A hora que esse sentimento de medo arrefecer, esse ganho que a gente viu no ouro vai ser devolvido em parte — diz Guedes.