Baixar Notícia
WhatsApp

Corrida pelo lítio pode mudar realidade em região de Minas Gerais

Acessar notícia original

Data: 29/04/2025 04:32:55

Fonte: oglobo.globo.com

Na busca pelos minerais estratégicos mundo afora, um deles vem ganhando cada vez mais protagonismo: o lítio, usado em baterias de carros elétricos, smartphones e computadores. No Brasil, que hoje é o quinto maior produtor do mundo, os investimentos previstos para o setor podem trazer uma nova perspectiva para o Vale do Jequitinhonha. Embora concentre as reservas conhecidas do mineral no país, é justamente uma das regiões historicamente mais pobres de Minas Gerais.

Segundo Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a busca pelo lítio no Vale do Jequitinhonha representa uma oportunidade concreta de transformação socioeconômica da região.

— Além de gerar empregos diretos e indiretos na mineração, a atividade pode promover a qualificação da força de trabalho, o que, por consequência, tende a elevar os salários médios locais e fomentar a atração de outras cadeias produtivas. À medida que a região cresce economicamente, há uma tendência de fortalecimento da infraestrutura, como estradas, energia elétrica e telecomunicações, criando um ambiente mais propício para novos negócios e melhorando a qualidade de vida da população.

Em Minas, as maiores reservas estão nas cidades de Araçuaí, Itinga e Medina. Estima-se que quase 80% dos investimentos previstos em lítio no Brasil até 2029 — de US$ 1,162 bilhão, segundo a associação do setor — sejam destinados a esses locais, diz Roscoe.

Uma das principais empresas da região, a CBL deve iniciar em breve a expansão de suas duas unidades. Vinícius Alvarenga, CEO da companhia, diz que a planta de mineração, em Araçuaí e Itinga, vai ampliar a produção de concentrado de espodumênio (mineral rico em lítio) de 45 mil para cem mil toneladas anuais em dois anos.

Já a planta química, em Divisa Alegre, vai elevar a fabricação de compostos químicos de lítio de 2 mil para 6 mil toneladas anuais no mesmo período:

— Hoje, somente na CBL, são mais de 750 colaboradores diretos na região, e, com nossa expansão, esse número será elevado para 1.200. São empregos sofisticados, dos quais mais de 30% têm formação ou estão em curso superior. Há ainda diversificação, com mais de 20 graduações diferentes. E 90% dessas pessoas são do Vale do Jequitinhonha.

O executivo afirma que, por atuar na região historicamente mais pobre de Minas Gerais, é preciso investir nas áreas de educação e saúde:

— Acreditamos que as novas empresas que estão vindo operar com a industrialização do lítio na região também trarão impactos positivos como o nosso, mas é importante que as autoridades e a comunidade cobrem isso dessas empresas. A industrialização do lítio já acontece na região desde 1991, quando a CBL iniciou suas atividades — afirma ele.

Mas o executivo destaca ainda uma série de iniciativas para que o país seja beneficiado em meio ao atual momento geopolítico, como a necessidade de melhorias logísticas.

— É preciso ainda incentivar a demanda interna relacionada à transição energética para adensar a cadeia de valor no Brasil dos minerais estratégicos.

Rafael Marchi, sócio-diretor da A&M Infra, diz que há potencial para que o Brasil, que hoje responde por apenas 2% da produção global de lítio, atinja cerca de 25% da produção mundial nos próximos anos:

— A mineradora Sigma Lithium, por exemplo, iniciou, em 2023, a produção de lítio em escala no Vale do Jequitinhonha, visando à exportação para fabricantes de baterias na América do Norte e Europa.