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Festival Zero92 reúne mais de 10 mil pessoas no Centro de Manaus

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Data: 23/05/2025 17:42:49

Fonte: correiodaamazonia.com

Foto: Divulgação

Com 37 atrações locais, o Festival Zero92, gratuito ao público, teve shows, homenagens e conexão com a identidade musical do Estado



O Centro Histórico de Manaus recebeu a 1ª edição do Festival Zero92, que transformou a tradicional Rua José Clemente em um palco da cultura amazonense a céu aberto.

Das 15h à meia-noite, do sábado (18), mais de 10 mil pessoas assistiram a programação 100% da terra, com 37 artistas em dois palcos – Carrapicho e Teixeira de Manaus -, além do corredor gastronômico, moda, arte e empreendedorismo sustentável.

O evento foi gratuito, democrático e inteiramente dedicado à música brasileira produzida no Amazonas.

O festival exaltou ritmos como beiradão, brega, boi-bumbá, bolero e ganhou espaço com o ritmo Gambá, oriundo de Maués. No palco tributo ao Carrapicho, reuniu o Trio Du Vale e músicos que integraram a formação original da banda, celebrando o legado que levou a música do Amazonas ao mundo.

Foto: Divulgação

A cantora e compositora Márcia Novo também protagonizou uma performance marcante ao lado dos itens oficiais dos bois de Parintins: o amo do boi Garantido, João Paulo Faria, e o apresentador do boi Caprichoso, Edmundo Oran — além da presença simbólica dos dois bois no palco. Também se apresentaram Chico da Silva, Canto da Mata, Guto Lima, Nunes Filho, George Japa, Jucynha Kero Kero e muitos outros.

No Palco Teixeira de Manaus, Hadail Mesquita, Jonacy do Sax, Lico Magalhães e Chicão do Sax conduziram um emocionante tributo ao ícone do beiradão. Berg Guerra, Banda Água Cristalina, Celestina Maria, Lili Andrade e outros nomes também se apresentaram por lá. Familiares dos homenageados estiveram presentes, prestigiando os tributos com emoção.

Ícone do brega no estado, Billy Marcelo resumiu o sentimento de muitos artistas ao participar do festival: “Esse evento foi um marco. Nunca aconteceu algo desse tamanho em Manaus, ainda mais nesse formato, com apenas artistas daqui. Esse movimento prova que temos história, temos valor, e que o povo está pronto para consumir e valorizar o que é feito no Amazonas.”

Foto: Divulgação

O evento também foi espaço de manifestações sobre identidade, cultura e reconexão. Para o ator e diretor de teatro Matheus Sabbá, amazonense que vive em São Paulo há três anos, o festival representa mais que uma celebração, ele traz a sensação de pertencimento. “Eu moro fora, e voltar a Manaus, encontrar um festival com essa força, me emociona de verdade. Não é só um evento, é uma afirmação: somos daqui, temos identidade, e temos direito de ocupar todos os espaços com a nossa arte. Isso mexe com a alma de quem vive da cultura e, principalmente, de quem é do Norte”, comemorou.

A artista e produtora cultural Rita Flor destacou a importância de valorizar nossos gêneros musicais e aquilo que nos define como povo. “Estamos vendo um retrato vivo da nossa cultura sendo celebrada como merece. Ver o Centro tomado por essa multidão de gente, por ritmos nossos, por expressões que fazem parte da nossa história, é emocionante. A gente não pode abrir mão disso.”

Para o artista e performer Amino Vasconcelos, do Grupo Maroaga, o Zero92 representa uma virada de chave na forma como os artistas amazonenses são vistos e tratados: “Esse festival foi uma resposta potente para todos que ainda duvidam da arte produzida no Amazonas. A forma como ele integrou diferentes linguagens, deu visibilidade à diversidade, e ofereceu estrutura de verdade pra gente se apresentar com dignidade, foi revolucionário. Eu nunca tinha me sentido tão respeitado e valorizado enquanto artista.”

Foto: Divulgação

A festa rolando e a economia girando

O festival movimentou a economia local e valorizou empreendedores. Barracas de comidas típicas, ambulantes e o estande do Reciprolab levaram ao público marcas de microempreendedores com produtos criativos, sustentáveis e com a cara do estado. Os bares e restaurantes da Rua José Clemente também registraram aumento significativo de público.

Um dos destaques foi a loja Melanina AM, que representa a estética negra no Amazonas com produtos voltados ao público afro amazonense. Para a proprietária Fernanda Fernandes, o evento abriu portas. “Sem dúvidas foi uma chance incrível de apresentar meus produtos a um público diverso. Meu estande ficou cheio o tempo todo, as pessoas se identificaram, compraram, perguntaram, elogiaram. Fora que foi muito especial e emocionante participar de um evento com tamanha representatividade”, enfatizou.

Organização e segurança

A estrutura do festival também chamou atenção. A Rua José Clemente foi completamente sinalizada, com banheiros, lixeiras e segurança reforçada. Com clima tranquilo, o evento reuniu famílias, crianças, jovens, turistas e idosos em um ambiente de celebração e respeito. A presença da polícia foi constante e os ambulantes atuaram com liberdade e apoio. “A gente vendeu bem, ambiente seguro, o povo veio com vontade de curtir e respeitou o evento. Foi bonito de ver”, contou o ambulante Allan Jhones da Silva.

Foto: Divulgação

Formação e legado: a semente foi plantada

Mais que um evento, o festival propõe caminhos para tornar a música do Amazonas mais forte e sustentável. Entre os dias 12 e 15 de maio, em parceria com o Sebrae-AM, foram realizadas capacitações para artistas, produtores e técnicos de som, envolvendo cerca de 50 participantes. Os temas incluíram áudio e mixagem, gerenciamento de carreira, direitos autorais com ECAD e ABRAMUS, e formalização de MEI.

Como gesto simbólico e eterno, o Festival Zero92 agora está registrado na “calçada da fama” do icônico Bar Caldeira, com uma placa contendo os nomes de todos os artistas participantes desta primeira edição. Um marco que eterniza o evento na história da música amazonense.

Para Márcia Novo, idealizadora e organizadora do festival, o Zero92 marca um novo tempo. “A semente foi plantada. Os artistas saem do festival com as bandeiras do Amazonas nos palcos, as redes sociais bombaram, muita gente com contatos de trabalho, vídeos marcando os artistas, o público vibrando… É um movimento que não tem mais volta. O Amazonas se olhou no espelho e se reconheceu bonito, forte e plural. E isso é só o começo”, declarou.

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