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CEOs das maiores empresas levam cerca de 20 anos para atingir o topo

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Data: 06/06/2025 17:20:25

Fonte: vocerh.abril.com.br

Com representantes das cinco regiões do país, os 85 executivos que lideram as empresas com maior volume negociado na Bolsa de Valores levaram, em média, 20,2 anos desde o começo da carreira até serem apontados como CEO pela primeira vez. É o que revela a edição 2025 do estudo que a Falconi, consultoria brasileira de gestão empresarial, faz anualmente, analisando os dados dos executivos que lideram as companhias que constituem o Índice Ibovespa B3, para traçar o perfil dessa liderança

“Considerando essas duas décadas que, em média, um executivo leva do início de sua jornada até o topo das organizações, fica claro a importância de traçar uma rota estratégica com as escolhas certas, tanto em termos profissionais como educacionais. Afinal, liderar grandes empresas é uma tarefa complexa que exige muito conhecimento técnico, aliado ao prático, além de persistência e resiliência. E essa preparação, acumulando conhecimento específico em uma área, mas também transversal à toda a companhia, inclusive em termos de soft skills, é recorrente nos perfis desses líderes”, afirma a vice-presidente de Marketing da Falconi, Suzane Veloso, acrescentando que, este ano, o levantamento também revelou que há uma diversidade geográfica entre os CEOs nascidos em pequenas, médias e grandes cidades, nas cinco regiões do país e no exterior. 

Se no ano passado focou na formação acadêmica dos CEOs, revelando um perfil fortemente marcado pela educação continuada, este ano o estudo mergulhou no estado de origem dos executivos. Quase a metade (45%) dos CEOs das empresas analisadas no segundo trimestre de 2025 nasceu em São Paulo – não só na capital, mas também em cidades como Americana, Santo André, Franca, Catanduva, Piracicaba, Araçatuba e São José dos Campos. Além dos 38 paulistas, há naturais de outros 14 estados: com destaque para Rio de Janeiro (14 CEOs) e Minas Gerais (cinco). 

Mais de cinco anos no cargo

Outro achado interessante foi o fato de, também em média, eles estarem no atual posto há 5,5 anos. Ainda falando em tempo, em termos etários, a maior concentração (48%) está na faixa de 46 a 55 anos – a média é de 53,8 anos. Mas, da mesma forma que as empresas que comandam, a lista é uma mistura de diferentes gerações, desde millennials da geração Y (nascidos entre 1981 e 1996), como o CEO da Vivara, Ícaro Borrelo, de 36 anos, a baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964), caso do CEO da Braskem, Roberto Ramos, de 78 anos. 

Seja qual for a geração, há consenso sobre a forma como não só os CEOs, mas os executivos em cargos de liderança de forma geral, se relacionam com diferentes áreas das empresas que lideram: “independentemente do cargo ocupado, o bom executivo deve tomar decisões pensando sempre na empresa como um todo; apresentar solidez no desenvolvimento da carreira, evitando as trocas constantes; construir relacionamentos sólidos com outras áreas da empresa e ter sempre um mentor para ajudar na construção da carreira”, disse Rafael Chamas, CEO da LWSA desde fevereiro e que é o segundo mais jovem da lista. Agora com 40 anos, antes era o CFO da empresa. 

Contemplando os CEOs das companhias que estão no índice B3 Ibovespa no primeiro quadrimestre do ano – o índice é atualizado a cada quatro meses –, o estudo constatou que muitos dos líderes apontam a resiliência como uma das características principais na jornada até ao topo. À frente da Usina São Martinho desde 2008 – tornou-se CEO vinte anos após o começo da carreira, em 1988 –, Fabio Venturelli enfatiza que o caminho do líder inclui muitos desafios e sacrifícios: “quem sonha em ser CEO precisa compreender que há desafios e experiências necessárias para se chegar lá. Precisa entender também os sacrifícios até essa conquista”, ponderou o executivo de 59 anos e que, antes de assumir a liderança da São Martinho em 2008, foi diretor global de negócios da Dow Química. 


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Não menos desafiadora, a escalada ao topo na jornada de empreendedores é, porém, mais rápida. É o caso de Sergio Zimerman, da Petz, empresa que fundou em 2002 e da qual é CEO desde o primeiro dia. Outro exemplo é Dennis Herszkowicz, da Totvs. Ele trabalhou apenas um ano antes de se tornar dono e CEO de uma ponto.com da área de leilões, chamada Gibraltar.com, no final da década de 1990.  Na outra ponta da lista, tendo levado 44 anos para chegar ao comando de uma empresa, está Magda Chambriard, a CEO de 67 anos da Petrobrás. Ela é uma das três únicas mulheres do estudo, que não registrou aumento de diversidade em termos de gênero de um ano para o outro – as outras duas CEOs mulheres são a CEO do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, de 46 anos, e a CEO do Grupo Fleury, Jeane Tsutsui , de 55.  

De pequenos municípios a líderes de gigantes internacionais 

Ainda que 19 dos 85 CEOs não tenham informado o nome da cidade em que nasceram, as informações dos demais mostram que o local de nascimento do CEO não segue um padrão e quem hoje comanda milhares de profissionais bem pode ter nascido em um município com um número de habitantes bem menor.   

É o caso do gaúcho Aurélio Pavinato, CEO da gigante do agro SLC Agrícola. A empresa tem pouco mais de 4.800 funcionários, 2 mil a mais que os habitantes do município de Vista Gaúcha – onde Pavinato nasceu, na colônia de Barreiro –, que soma 2.858 cidadãos. 

Como um dos três executivos listados no perfil do CEO que fez doutorado, para o CEO da SLC, “o melhor investimento que um executivo tem que fazer é em educação – aprender tudo o que pode. Também é necessário desenvolver as habilidades de negociação, um desafio diário de toda liderança. E tudo isso sem esquecer de fortalecer a resiliência”. 


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Como Pavinato, o CEO da Brava, Décio Oddone, também é gaúcho: nasceu em Lavras do Sul, vizinha de Bagé e que conta com 7 mil habitantes. Quase o mesmo tamanho da catarinense Ipumirim, também na lista e onde vivem 7,8 mil pessoas. A população da cidade do meio oeste de Santa Catarina, onde nasceu o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, equivale a 3% do número de funcionários da multinacional brasileira de alimentos, espalhados mundo afora. 

Educação continuada segue em alta 

Como a formação do índice é atualizada a cada quatro meses pela B3 e em função de cursos que podem ter sido feitos depois da edição anterior da pesquisa, a Falconi revisitou o currículo acadêmico dos CEOs na lista. Dos 85, a paulista de Catanduva Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury, segue como a CEO com título acadêmico mais alto: tem pós-doutorado em Medicina. 

Dos 85 CEOs listados na pesquisa 2025, 69 (81%) têm educação continuada – lato ou stricto sensu. Da graduação original, as de engenharias são as que mais aparecem (43%) entre os CEOs no índice B3 Ibovespa, seguidos por administradores de empresas (31%) e economistas (11%). 

As universidades públicas seguem como alma mater com maior presença. Destacam-se as universidades federais (35%) da lista – em uma fatia encabeçada por UnB, UFRJ e UFMG (com três menções cada) – e a estadual USP, que formou sete dos CEOs. Entre as privadas, a PUC-RJ também formou sete CEOs – além dela, aparecem na lista a PUC-SP, a PUC-Campinas, a PUC-GO e a PUC-PR, com uma menção cada. Com as mesmas 11 menções, também aparece com destaque a FGV. 


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Em relação aos cursos de pós-graduação e educação continuada, o perfil permaneceu praticamente estável: o número de CEOs com MBA passou de 40, no ano passado, para 41 nesta edição. Entre eles está Rinaldo Pecchio Júnior, CEO da Taesa, uma das principais empresas de transmissão de energia elétrica no Brasil, desde agosto de 2024. Com MBA em Finanças pelo IBMEC, Pecchio Júnior é graduado em Economia pela Unicamp e em Ciências Contábeis pela PUC-Campinas. 

Para ele, a curiosidade e a busca por conhecimento multidisciplinar são essenciais na trajetória de um CEO: “Acho importante ter curiosidade sobre os principais temas da companhia e dar sua visão sobre como pode ajudar. É preciso ter uma base técnica sólida, mas com capacidade de absorção de conhecimentos em outras áreas complementares”, comenta. 

Já o número de CEOs com mestrado stricto sensu apresentou sentido inverso, com um ligeiro declínio – de 17 para 16. O número de CEOs com doutorado ou pós-doutorado permaneceu o mesmo – três e um, respectivamente. Já os que fizeram programas de educação executiva passaram de 33 para 32. 


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