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O rame-rame da discussão de revisão de gastos – 20/09/2024 – Adriana Fernandes – Folha

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Data: 20/09/2024 21:33:47

Fonte: www1.folha.uol.com.br


A equipe econômica dá sinais de que fará uma pausa estratégica na divulgação das propostas em estudo para o programa de revisão de gastos.

Desde junho, as medidas passaram a ser cobradas pelo mercado com maior ênfase para garantir a sustentabilidade das contas públicas, mas nenhum analista bota fé de que vão acontecer.

A consequência direta é que não tem havido debate dentro do governo nem na sociedade sobre as medidas em discussão.

O leque é grande. Vão desde a revisão de políticas públicas como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), abono salarial e seguro-desemprego até o corte de renúncias tributárias e aperto das regras de acesso ao Simples, para micro e pequenas empresas, e do MEI (Microempreendedor Individual).

As propostas do governo pipocam aqui e acolá nos jornais, mas a comunicação da área econômica não está funcionando. A não ser puxar o coro das vozes atrasadas que não aceitam discutir nada.

Muito provavelmente os opositores de mudanças estão à espera de novos puxadinhos salvadores das contas públicas para continuar a fingir que algum esforço de melhoria está sendo feito.

Como não conseguem esconder os números por muito tempo, a economia pagará o preço mais tarde. É um círculo vicioso de que o Brasil não escapa.

Nesse debate tão importante de melhoria das políticas públicas, atores importantes da sociedade civil parecem também ter esfriado a vontade de discutir as medidas.

No Congresso Nacional, tampouco há discussão. Os esforços seguem na mesma direção. Aumentar as renúncias e os subsídios, a exemplo do que têm proposto as alas cada vez mais criativas do governo.

A revisão de gastos virou um tema chato até mesmo para a imprensa, que apenas e tão somente por dever de ofício parece ser um dos poucos setores da sociedade que seguem dando espaço e indo atrás do que a equipe econômica está estudando.

A percepção de quem está fora do governo é que tudo não passa de uma balão de ensaio. Para a revisão estrutural, há ceticismo total.

O mercado só vai levar a sério as medidas em estudo quando o presidente Lula (PT) falar sobre elas e perceber que a ação do governo será crível.

Péssimo sinal. Erro também da área econômica (Fazenda e Planejamento), que não consegue definir qual briga vale a pena comprar e para quais medidas precisa levantar as bandeiras.

Falta a construção de uma estratégia inteligente para mostrar que as medidas são importantes para acabar com privilégios de muitos, ineficiência de políticas e dinheiro mal-empregado.

É urgente rever a rota da estratégia para a equipe econômica não sair fracassada.

Com a volta do otimismo pelo pib/”>PIB mais forte, o governo parece renovar a aposta que o ajuste será feito pelo crescimento econômico.

Talvez precisaremos enfiar o pé na lama para que o alerta seja disparado. Tal qual está acontecendo com com a reação às queimadas.

Por enquanto, seguimos nessa mesmice de sempre. No rame-rame de falsos conflitos.

Enquanto isso, o Banco Central sobe os juros e ficamos aqui esperando o despacho do governo com a informação de quanto será o próximo bloqueio do Orçamento.



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