O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) enfrenta uma nova bronca em sua carreira política. Nesta segunda-feira (2/9), o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em 2020, tornando o parlamentar réu por desvio de dinheiro público, tráfico de influência e associação criminosa. As acusações envolvem quase meio milhão de reais e lançam uma sombra sobre a atuação de Arruda e seu gabinete.

Segundo a denúncia do MP-PR, Ricardo Arruda e quatro de seus ex-assessores estão envolvidos em um esquema intrincado que envolvia a cobrança de valores expressivos para influenciar decisões tanto no Governo do Paraná quanto no Judiciário. Entre 2016 e 2017, o parlamentar e sua equipe teriam recebido pagamentos de empresários e policiais militares para facilitar pedidos, tais como reintegração na corporação e promoção de carreiras. Um dos episódios destacados envolve a cobrança de R$ 100 mil para ajudar um empresário a obter valores pendentes de contratos com o governo estadual.

Além do tráfico de influência, a denúncia também aponta para o crime de peculato. O MP-PR acusa Arruda e seus assessores de desviar dinheiro do ressarcimento da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em cinco ocasiões distintas, totalizando R$ 17.635. Esses recursos, originalmente destinados ao pagamento de serviços públicos, teriam sido utilizados para quitar despesas pessoais do deputado.

O advogado de Ricardo Arruda, Jeffrey Chiquini, rebateu as acusações, afirmando que a decisão do Tribunal de Justiça será combatida durante o processo de instrução, onde, segundo ele, a inocência do deputado será provada. Chiquini descreveu a denúncia como baseada em alegações frágeis e argumentou que o parlamentar atuou dentro da legalidade.

Esse caso tem o potencial de causar sérios impactos na imagem de Ricardo Arruda e na confiança do eleitorado no Partido Liberal (PL). Em um momento em que a ética na política está em debate, durante as eleições municipais de 2024, as acusações contra Arruda servem como um alerta dos problemas contínuos no combate à corrupção e à má gestão dos recursos públicos. A continuidade do processo será acompanhada de perto, dada a relevância do caso para o cenário político paranaense.

O caso de Ricardo Arruda é mais um exemplo das tensões entre a classe política e as demandas por maior transparência e responsabilidade no uso do dinheiro público. O desfecho desse processo pode ter repercussões significativas nas futuras disputas eleitorais no estado, além de colocar em risco o próprio mandato do parlamentar.

Ricardo Arruda, na Alep, se posiciona como fervoroso bolsonarista. Ironicamente, ele sobe frequentemente na tribuna da Casa para xingar de “ladrão” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e legendas de esquerda.

Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.