A Câmara de Apucarana aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira (23), a abertura de uma CP (Comissão Processante) para investigar o vereador Mauro Bertoli (DC), que recentemente sofreu uma condenação criminal por armazenar e compartilhar pornografia infantil. Antes da sessão, que começou às 16h, o parlamentar pediu licença por 15 dias para cuidar da sua campanha à reeleição.

A denúncia que levou à abertura da CP foi protocolada na semana passada pela ativista Renata Borges. Segundo a Câmara, o parecer jurídico foi pela “livre tramitação” do pedido. Bertoli está em seu sexto mandato e era 2° secretário do Legislativo – função agora desempenhada pela vereadora Professora Jossuela (SD).

Foram sorteados para compor a CP os vereadores Tiago Cordeiro (PDT), como presidente; Moisés Tavares (PP), como relator; e Luciano Facchiano (Agir), como secretário.

A estimativa é que os trabalhos da CP durem cerca de um mês.

VEREADOR NEGA

À FOLHA, Bertoli diz que pediu licença de duas semanas para cuidar da sua campanha à reeleição. Ele também afirma que o processo correu “à revelia”, nega veementemente as acusações e alega ter sido “vítima de um grupo de celular”.

“Colocaram porcaria, eu apaguei, mas revistaram minha vida por quatro anos. É coisa da eleição passada e o juiz deixou para condenar [agora]”, diz o vereador, que já recorreu ao TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná).

Segundo a denúncia do MPPR (Ministério Público do Paraná), os crimes teriam ocorrido entre 15 de julho de 2018 e 30 de novembro de 2020 – nesta data, o telefone celular do réu foi apreendido durante uma investigação de possível crime eleitoral. A perícia realizada no aparelho constatou a existência de 40 arquivos com vídeos e fotos de sexo explícito e pornográfico envolvendo crianças e adolescentes. Por pelo menos três vezes, de acordo com a perícia, ele teria compartilhado essas imagens.

Quando o material ilegal foi encontrado, o MPPR encaminhou para a Câmara as provas que indicavam o crime. O pedido de abertura de comissão de inquérito foi arquivado “considerando que já havia procedimento judicial tramitando”, segundo o setor jurídico.

Na ocasião, Bertoli era vice-presidente do Legislativo e líder do governo. Um áudio vazado indicou uma suposta tentativa do prefeito Junior da Femac (PSD) de barrar a apuração na Câmara. Júnior defendeu-se dizendo que apenas sugeriu a um vereador que deveriam aguardar a apuração da Justiça.

RECURSO AO TJ-PR

A defesa técnica do vereador afirmou, em nota, que “a sentença proferida contra o Sr. Mauro Bertoli não produz qualquer efeito jurídico ou político uma vez que já foi manifestado recurso ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná”.

“A defesa técnica manifesta sua mais absoluta convicção de que a sentença de 1° grau será corrigida, não apenas juridicamente, mas como reflexo da personalidade, caráter e formação familiar do Sr. Mauro Bertoli, cuja vida tem sido dedicada à cidade de Apucarana/PR e seu povo”, completa a nota.