Nesta quarta-feira (16), a Unidade Técnico-Administrativa de Gerenciamento (UTAG) iria realizar uma reunião com integrantes do grupo S.O.S Arthur Bernardes e moradores de Curitiba para discutir as obras do projeto Inter 2. A reunião seria mediada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), órgão financiador do projeto, mas foi cancelada na noite de terça-feira sem muitas explicações.

A reunião que seria realizada nesta quarta foi agendada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que deve emprestar cerca de 106,7 milhões de dólares ao município para financiar o projeto. Segundo o banco, o órgão vem sendo acionado desde agosto por curitibanos que questionam as obras.

O encontro aconteceria na sede do Instituto de Pesquisa e Planejamento (IPPUC), e teria a participação de membros do movimento S.O.S Arthur Bernardes, parlamentares, representantes do BID, do IPPUC e da UTAG. A entrada da reunião seria limitada, mas alguns moradores dos bairros afetados pelas obras realizariam uma manifestação pacífica em frente ao IPPUC durante o encontro, manifestação essa que parece ter afugentado os órgãos públicos.

Em resposta ao Plural, o UTAG informou que a reunião foi cancelada pelo BID e que somente o banco poderia explicar os motivos. Em conversa com o jornal, o UTAG também mencionou que não poderia fornecer nenhum contato do BID, mas afirmou que o banco entraria em contato para prestar mais explicações. Até o momento desta publicação, o BID não se manifestou.

Está não é a primeira vez que uma reunião entre a prefeitura e moradores de áreas afetadas pelas obras é cancelada. Em 10 de setembro deste ano, após muita insistência da população uma reunião foi agendada, as vésperas de sua realização o UTAG informou que a reunião seria cancelada, pois o órgão teria que comparecer ao Tribunal de Justiça do Paraná para prestar esclarecimentos sobre o projeto que na época estava suspenso. Ainda em setembro, as obras foram liberadas novamente pelo TJ.

Em agosto uma Audiência Pública na Câmara Municipal foi realizada, mas nenhum representante da prefeitura compareceu ao encontro. Na época os participantes do encontro lamentaram a ausência, mas afirmaram que continuariam tentando conversar com a prefeitura.

As obras do Novo Inter 2 começaram em novembro do ano passado e tinham como previsão a duração de 18 meses. Se a prefeitura seguir este prazo, as obras devem ser finalizadas em maio de 2025. Já as primeiras manifestações contra as obras começaram em junho deste ano, quando foi descoberto que o projeto previa o corte de mais de 200 árvores na Avenida Presidente Arthur Bernardes.

Segundo a prefeitura, aproximadamente 580 mil moradores de 28 bairros da capital serão impactados pelo projeto. As obras viárias incluem terraplenagem, drenagem pluvial, pavimentação, paisagismo, rede de distribuição aérea e de fibra óptica, infraestrutura cicloviária e faixas exclusivas e preferenciais de transporte coletivo.

De acordo com os moradores dos mais de 20 bairros impactados pelo projeto, apesar da prefeitura alegar que havia escutado a população a respeito do projeto pouco curitibanos tinham ciência do corte das árvores. Conforme dados informados pelo município as consultas públicas realizadas entre 2019 e 2024 ouviram cerca de 2.426 pessoas, boa parte delas deu sua opinião sobre o projeto por meio de formulários do Fala Curitiba. No entanto, um abaixo-assinado organizado pelo movimento S.O.S Arthur Bernardes reuniu em pouco mais de 4 meses 10 mil assinaturas de pessoas contrarias as obras.

Mesmo com o cancelamento desta reunião, os moradores continuam abertos ao diálogo e pedem que a prefeitura e as demais entidades responsáveis pelo projeto do Inter 2 as escutem. A população ainda pede que sejam apresentadas soluções para o projeto, que preservem as árvores e evitem a canalização dos córregos da região. 

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