As empresas alemãs deverão passar por mais dificuldades este ano, com uma nova previsão pessimista sugerindo que as dificuldades corporativas do país poderão exceder os níveis observados durante a pandemia.

Em sua primeira previsão de dificuldades corporativas, a Weil projeta que a Alemanha continuará sua infeliz residência no topo da lista este ano, muito à frente do Reino Unido, o segundo colocado.

A Alemanha continua a se ressentir da invasão da Ucrânia pela Rússia, que causou a queda dos preços da energia em uma economia com alto índice de manufatura que dependia do petróleo e do gás russos. Como uma economia com uso intensivo de exportações, o país também foi abalado pela queda da demanda nos principais mercados, como a China.

A incerteza também está pesando sobre as empresas e fazendo com que os investimentos sejam interrompidos. Espera-se que as eleições de fevereiro tragam um grande apoio ao partido de extrema direita AfD, enquanto a eleição de Donald Trump traz novas incertezas sobre as tarifas que poderiam ser aplicadas às importações da Alemanha pelos EUA.

O setor industrial do país vem se contraindo há dois anos e meio, com base nos dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI). Enquanto isso, na quarta-feira, 15, a agência de estatísticas da Alemanha confirmou que a economia do país havia se contraído pelo segundo ano consecutivo, já que continuava a lutar contra severos ventos contrários econômicos.

Andrew Wilkinson, sócio e codiretor da prática de reestruturação do Weil em Londres, diz que a inadimplência das empresas tem aumentado na Alemanha, bem como em toda a Europa.

A decisão de várias empresas e fornecedores do setor automotivo de reduzir a produção, demitir, reduzir as horas de trabalho e cortar os investimentos também teve efeitos desproporcionais na Alemanha, principalmente entre os produtores da cadeia de suprimentos.

Wilkinson diz que é difícil comparar os níveis atuais de angústia com picos anteriores, como durante a pandemia da covid-19 e a crise financeira global, porque a resposta não é a mesma.

“O que chama a atenção nos picos de angústia corporativa na época da crise financeira e depois da pandemia é que eles caem incrivelmente rápido”, disse ele à Fortune.

O motivo, segundo Wilkinson, é o rápido apoio financeiro do governo para sustentar a economia.

“Isso é um pouco diferente”, disse sobre as dificuldades econômicas da Alemanha e da Europa.

“Trata-se dos efeitos de toda uma série de questões, incluindo algumas questões geopolíticas muito intratáveis, em que não há consenso em todo o G7 sobre como resolvê-las.”

Há uma ressalva, diz Wilkinson, para o potencial marco sombrio da Alemanha em relação aos níveis de dificuldades corporativas da covid.

O setor de serviços experimentou o nível mais alto de angústia durante a pandemia, pois os lockdowns efetivamente fecharam o setor. Como a representação da Alemanha no setor de serviços é relativamente pequena, o país foi menos afetado do que o Reino Unido, por exemplo.

De qualquer forma, isso destaca o nível de precariedade que muitas empresas alemãs enfrentam em 2025, após passarem por um cenário econômico historicamente desafiador de quase três anos.

Wilkinson disse que há cenários que podem ser favoráveis à Alemanha, por mais improváveis que pareçam no momento.

Um deles seria um acordo duradouro na Ucrânia, que seria suficientemente aceitável para as sanções serem removidas. No entanto, com a miríade de riscos geopolíticos, a economia industrial pesada e voltada para a exportação da Alemanha deve se preparar para mais dificuldades este ano.

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