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Bolsonarista pega 20 anos por assassinar petista no Paraná

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Data: 14/02/2025 04:01:35

Fonte: correiobraziliense.com.br

Guaranho deixa o tribunal rumo à cadeia. Estava em prisão domiciliar -  (crédito: Fotos: Reproduções/Redes sociais)

Guaranho deixa o tribunal rumo à cadeia. Estava em prisão domiciliar – (crédito: Fotos: Reproduções/Redes sociais)


O ex-agente penitenciário federal Jorge Guaranho foi condenado, ontem, a 20 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do diretório do PT em Foz do Iguaçu (PR) e guarda municipal. O crime ocorreu em 9 de julho de 2022, na festa de aniversário de 50 anos do petista. A defesa do bolsonarista afirmou que recorrerá da sentença ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).


O Ministério Público do Paraná apresentou denúncia contra Guaranho por homicídio doloso duplamente qualificado, apontando motivo fútil e perigo comum. Segundo o MP-PR, o crime teria sido motivado por “preferências político-partidárias opostas”, caracterizando o que a acusação classificou como “motivo torpe”. A legislação brasileira não prevê explicitamente a motivação política como agravante para um crime, o que tornou tal argumento um dos pontos centrais do julgamento.


O crime aconteceu durante a festa de 50 anos de Arruda, em um clube de Foz do Iguaçu. A decoração do ambiente e os detalhes do bolo eram em homenagem ao PT e ao então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva.


Guaranho prestou depoimento por aproximadamente duas horas, na noite de quarta-feira, mas, seguindo a orientação de seus advogados, optou por não responder às perguntas dos promotores. Relatou apenas que não foi ao clube “nem para brigar, nem para matar”.



Ele reconheceu que chegou à festa em seu veículo ouvindo música da campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL), atitude que, hoje, considera um erro. Alegou, ainda, que atirou em legítima defesa.


O policial disse, no depoimento durante o julgamento, que sentiu-se ofendido com a atitude de Arruda, que jogou terra no carro em que estava com a família, incluindo o filho bebê — que, segundo ele, ficou ferido no olho. Guaranho disse que foi embora, mas decidiu voltar ao local da festa depois da primeira confusão porque queria “cobrar explicação do cara que machucou” seu filho.


Registro do crime


As câmeras de segurança desmentem a versão de que Guaranho cometeu o assassinato em legítima defesa. Mostram-no desembarcando do carro de arma em punho, apesar de a mulher de Marcelo tentar impedi-lo de invadir a festa. Um vigilante do local relatou que, antes dos disparos, Guaranho gritou “aqui é Bolsonaro” — mas o próprio policial penal admitiu que disse “Bolsonaro mito”.


No salão, o policial penal disparou várias vezes. Arruda tentou se proteger, mas, como também estava armado, reagiu e revidou contra o bolsonarista, que tentou fugir. Já ali o petista estava ferido mortalmente — chegou a ser socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022. Deixou quatro filhos, sendo que um deles tinha pouco mais de 40 dias à época do crime.


Na sequência ao assassinato, Guaranho foi agredido por convidados da festa. Por conta disso, foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu. Assim que teve alta, foi encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ficou preso até setembro 2024. Porém, ele cumpria prisão domiciliar.


O julgamento durou três dias e foi conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler. Quatro mulheres e três homens integraram o júri. Depois de decretado o veredicto, Guaranho foi recolhido à prisão.


Depoimentos


De acordo com os autos do processo, foram ouvidas como testemunhas Pâmela Suellen Silva, viúva de Arruda; Daniele Lima dos Santos, vigilante do clube onde ocorreu o crime; Denise de Oliveira Carneiro Berejuk, perita criminal responsável pela análise das imagens de segurança; Wolfgang Vaz Neitzel, amigo da vítima e presente à festa no momento do crime.


Também prestaram depoimento Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, tio da viúva de Arruda, que ajudou na organização da festa; Marcelo Adriano Ferreira, policial penal que trabalhava com Guaranho; Márcio Jacob Muller Murback, amigo do réu e que tinha acesso às câmeras de segurança do local; Simone Cristina Malysz, perita envolvida na elaboração dos laudos do caso; e Alexandre José dos Santos, amigo de Arruda, que também estava na celebração.


A pena para homicídio simples varia entre seis e 20 anos de prisão, a condenação por homicídio qualificado pode chegar a 30 anos.