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Filho de Cristian Cravinhos faz pedido na Justiça após reação do condenado e vence – Hugo Gloss

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Data: 19/02/2025 10:41:35

Fonte: hugogloss.uol.com.br


Pai do jovem tentou contestar a alteração nos registros oficiais





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O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que o filho de Cristian Cravinhos tem o direito de retirar qualquer menção ao pai de seus documentos oficiais. A decisão, proferida nesta terça-feira (18) pela ministra Nancy Andrighi, atende ao pedido do jovem de 26 anos, que afirmou nunca ter tido uma relação socioafetiva com Cristian.

Segundo a coluna True Crime, de Ullisses Campbell, do jornal O Globo, o filho de Cravinhos compartilhou os vários constrangimentos que enfrentou ao longo da vida, resultantes do crime cometido pelo pai em 2002. Na época do assassinato de Marísia e Manfred von Richthofen, pais de Suzane, ele tinha apenas 3 anos. Cristian cumpre pena na Penitenciária de Tremembé, e foi condenado a 38 anos de reclusão, pena que teve um acréscimo de mais 4 anos após uma tentativa de suborno a policiais enquanto cumpria regime aberto em 2018.


A decisão do STJ vem após uma batalha legal iniciada em 2009, quando o filho de Cravinhos já havia conseguido remover o sobrenome de seus documentos. No entanto, ele ainda era obrigado a manter o nome completo do pai em registros importantes, como carteira de identidade, habilitação e certidão de nascimento. Com a decisão, ele poderá excluir qualquer menção a Cristian Cravinhos, rompendo todos os vínculos legais.

Embora o jovem já tivesse obtido esse direito no Tribunal de Justiça do Paraná, Cristian recorreu à Justiça e contratou uma advogada para questionar a decisão em segunda e terceira instâncias. “Isso é horrível”, afirmou a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso.

Suzane von Richthofen foi a mandante da morte dos pais. (Foto: Arquivo pessoal)

Suzane von Richthofen foi condenada como mandante da morte dos pais. (Foto: Arquivo pessoal)

Durante o julgamento, o nome de Cravinhos não foi mencionado publicamente. Para manter o sigilo, a ministra escreveu o nome do assassino em seu celular e compartilhou a informação com os colegas de julgamento em um grupo de WhatsApp. “Mandei para vocês verem de quem se trata”, disse Andrighi.

Em seu voto, Andrighi destacou que a falta de vínculo afetivo, combinada com o abandono dos deveres parentais, justifica o rompimento da filiação biológica e registral. Cristian, segundo os autos, teve contato com o filho apenas três vezes em 26 anos, e todas essas ocasiões ocorreram quando ainda estava com a mãe do jovem. Após a separação do casal, o genitor se distanciou completamente, sem prestar qualquer tipo de assistência, mesmo antes de ser preso.

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“Se a presença da socioafetividade autoriza o reconhecimento do vínculo de filiação, sua ausência pode, sim, justificar o rompimento do parentesco biológico e registral”, argumentou a ministra. Andrighi também ressaltou que a filiação não pode ser sustentada apenas pelo registro civil, quando não há laços afetivos ou responsabilidades por parte do pai.

Daniel Cravinhos também foi condenado pelo caso Richthofen. (Foto: Arquivo pessoal)

Daniel Cravinhos também foi condenado pelo caso Richthofen. (Foto: Arquivo pessoal)

A decisão levou em consideração os impactos psicológicos que o jovem sofreu ao longo da vida, incluindo episódios de bullying e mudanças frequentes de escola, após o crime de seu pai se tornar amplamente conhecido.

A ministra destacou que o comportamento do pai, ao romper totalmente com a família, deixou o jovem privado de apoio afetivo e material, o que reforça a quebra dos deveres parentais: “O genitor não apenas rompeu com a mãe, mas também abandonou completamente o filho”.

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Enquanto isso, o irmão de Cristian, Daniel Cravinhos, também condenado pelo caso Richthofen, já alterou seus documentos duas vezes para se desvincular do sobrenome famoso. Suzane von Richthofen, a mandante do duplo homicídio dos pais, também optou por retirar o “von Richthofen” de seus registros.

Em um caso similar, a família do empresário Marcos Matsunaga, morto e esquartejado pela esposa Elize Matsunaga em 2012, entrou com uma ação de destituição do pátrio poder. Na época do crime, o casal tinha uma bebê de colo, que foi posteriormente criada pelos avós paternos. Os pais de Marcos buscam na Justiça retirar o nome de Elize de todos os registros oficiais da filha, que hoje tem 14 anos. Elize, por sua vez, também já havia removido o sobrenome “Matsunaga” de seus documentos.



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