Na última terça-feira (18), o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) aceitou, por unanimidade, o pedido de anulação da paternidade feito pelo filho de Cristian Cravinhos. Agora, o jovem de 26 anos pode retirar qualquer menção ao pai de seus documentos oficiais, rompendo os vínculos legais com o mesmo.

Por que o pedido foi feito?

No ano de 2009, o rapaz entrou com um processo para anular a paternidade de Cravinhos, condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen. O jovem alegou que, na época do crime, tinha apenas três anos de idade, e a situação gerou uma série de constrangimentos ao longo de sua vida – incluindo episódios frequentes de bullying na escola. Por isso, tem “vergonha” do pai.

Segundo os autos do processo, Cristian teve contato com o filho apenas três vezes em 26 anos. Antes mesmo de ser preso, o genitor já teria se distanciado da criança após o divórcio da mãe, sem prestar nenhum tipo de assistência. 

Decisão questionada

O pedido realizado em 2009 foi acatado pelo Tribunal de Justiça do Paraná. No entanto, Cristian recorreu à Justiça e questionou a decisão. Por isso, o caso precisou de um novo julgamento em 2025, que foi favorável ao filho.

Nancy Andrighi, ministra responsável por proferir a decisão do Tribunal, ressaltou que a filiação não pode ser sustentada apenas por um registro civil, uma vez que o genitor não possui nenhum laço afetivo ou responsabilidades com o filho. “Se a presença da socioafetividade autoriza o reconhecimento do vínculo de filiação, sua ausência pode, sim, justificar o rompimento do parentesco biológico e registral”, disse.

Relembre o caso

Na noite de 31 de outubro de 2022, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos mataram, a pauladas, Manfred e Marísia Von Richthofen, pais de Suzane Von Richthofen. Na época, Daniel e Suzane viviam um relacionamento não aprovado pelos pais da jovem, e por isso o trio decidiu cometer o crime.

Em 2006, Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão, enquanto Cristian foi condenado a 38 anos e seis meses. Atualmente, Cristian é o único dos condenados que continua detido na penitenciária de Tremembé, enquanto Daniel e Suzane cumprem o restante da pena em liberdade. Em 2018, obteve o mesmo direito, mas foi preso novamente após violar as regras do sistema prisional.