Alexandre Kuroda e Thomas Takeuchi fundadores da Arqgen

A Arqgen, startup de inteligência artificial (IA) aplicada a projetos de arquitetura, acaba de receber um investimento de R$10 milhões via subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os recursos chegam após a empresa ter aplicado para uma chamada pública para projetos inovadores no campo da IA generativa. Com os recursos, a startup deve investir, principalmente, em produto, no desenvolvimento de uma pesquisa para a aplicação de grandes modelos de linguagem (LLMs) para o português brasileiro, adaptados ao contexto da arquitetura e urbanismo. O projeto será realizado em parceria com as universidades estaduais USP e Unicamp. 

Fundada em 2020 pelos arquitetos Thomas Takeuchi e Alexandre Kuroda, a Arqgen atua em um modelo B2B, sobretudo para construtoras, incorporadoras e empresas do varejo. Com tecnologia de inteligência artificial pioneira no setor, a construtech lançou um software capaz de gerar diferentes opções de projetos de arquitetura, seguindo as diretrizes e especificações de cada cliente. 

Em 2022, a startup já havia recebido outra subvenção da Finep, na ocasião, vinculada à Fapesp, fundação de amparo à pesquisa do Estado de São Paulo com o PIPE Fase III. No ano seguinte, recebeu um aporte no valor de R$ 6,6 milhões, em uma rodada coliderada pela ABSeed Ventures, casa de venture capital focada em empresas com soluções SaaS B2B, e pela Terracotta, principal player de VC no setor de construtechs e proptechs do país, com participação do pool de investidores de Smart Money Ventures e BR Angels . 

No ano de 2024, a Arqgen viu sua receita recorrente mensal (MRR) crescer mais de 20 vezes. No mesmo período, sua equipe duplicou e o número de clientes triplicou. São 13 no total, dentre os quais a Cury, a Direcional Engenharia e a Plano&Plano, construtoras que atuam no mercado de habitação de interesse social, três das principais viabilizadoras do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, além da Ribeiro Caram e Gerdau.

Hoje a principal solução ofertada pela Arqgen é focada na geração automatizada de estudos de viabilidade, capaz de trazer múltiplas opções de implementação para os terrenos em análise, apresentando não só a possibilidade da construção, mas o que pode ser construído, respeitando as normas vigentes e as restrições urbanísticas próprias daquele espaço e, sobretudo, utilizando produtos imobiliários dos próprios clientes.

“Um trabalho que antes tomava vários dias, hoje é apresentado em poucos minutos. E são dezenas de opções, com a possibilidade de otimizar o coeficiente de aproveitamento e taxa de ocupação desses terrenos, priorizando, sempre, o que tem mais valor para aquele projeto imobiliário. Trazemos eficiência no processo de concepção desses projetos, que tradicionalmente são feitos manualmente em desenho, na tentativa e erro, e liberamos esses profissionais para uma atuação mais estratégica e criativa, de modo a maximizar a percepção de valor”, pontua Alexandre Kuroda.
Já Thomas Takeuchi menciona um estudo de caso de um projeto de viabilidade realizado por humanos que chegou ao desenho de 945 unidades habitacionais, de 45 metros quadrados cada uma. A simulação realizada pela plataforma da Arqgen trouxe a possibilidade de construção de 1067 unidades, de 38 metros quadrados cada uma. “Com essas opções em mãos, o cliente poderá optar por uma alternativa que julgar mais adequada ao projeto. Faz sentido ter mais unidades à custa de uma área privativa menor? Em geral, não há uma resposta única, depende muito das particularidades do projeto imobiliário”, reforça. 

Apesar de uma origem comum, pautada pelo uso da inteligência artificial generativa, a Arqgen possui hoje soluções que estão para além do estudo de viabilidade de terrenos, oferecendo a seus clientes também simulações para a construção de grandes galpões e, até mesmo, soluções mais customizadas, com a concepção automática de design de interiores para fins comerciais e corporativos.

O projeto agora incentivado pela subvenção visa o alinhamento de modelos de processamento de linguagem natural (PNL) e grandes modelos de linguagem (LLMs), a fim de garantir que eles sejam capazes de compreender e gerar informações cada vez mais relevantes para a personalização dos projetos arquitetônicos que a Arqgen entrega para seus clientes de forma autônoma. 

“Os editais da Finep são extremamente criteriosos e os projetos são analisados sob perspectivas que medem seu grau de inovação e ineditismo, seus riscos tecnológicos e até variantes externas direta ou indiretamente relacionadas. Com assessoria da Galapos, consultoria especializada em incentivos governamentais, elaboramos um plano estratégico minucioso, que se mostrou bastante acertado. Estamos felizes com a conquista”, completa Kuroda. 

A iniciativa será executada em parceria com o Laboratório de Inteligência Artificial (IA) Recod.ai, da Unicamp, liderado pelo professor Anderson Rocha, com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na universidade, e, ainda, com o grupo de pesquisa em Geometria Computacional da Poli-USP, do professor Marcos de Sales Guerra Tsuzuki.