ANÁLISE-Reforma ministerial de Lula isola Haddad e aumenta incerteza sobre política fiscal
Data: 28/02/2025 17:00:17
Fonte: noticias.uol.com.br
A entrada no primeiro escalão do governo de Gleisi Hoffmann, uma ferrenha defensora do estímulo econômico impulsionado pelo Estado, coloca Haddad em uma posição quase solitária. A unidade de ideias no Planalto, somada à pressa para tentar recuperar uma popularidade em baixa de Lula antes da eleição do ano que vem, deve unir Costa, Gleisi e o novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, em uma posição que tende a ser contrária às políticas econômicas ortodoxas de Haddad, que prega resultados a médio prazo.
Na posição de ministra das Relações Institucionais, Gleisi será responsável pelas principais negociações do governo com o Congresso, inclusive na agenda econômica. Na sua posição de presidente do PT, a agora ministra não poupou críticas, por vezes públicas, às políticas da Fazenda. Chegou a chamar as propostas de Haddad de “austericídio” e criticou duramente o aperto monetário do Banco Central, mesmo com o ministro da Fazenda reconhecendo publicamente a necessidade de desacelerar a economia para evitar desequilíbrios.
“O problema para Haddad é que sua oposição mais forte vem de dentro de seu próprio partido, porque ninguém, inclusive o presidente, acredita que os cortes de gastos devam ser uma prioridade”, disse Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital. “Para este governo, o que importa são os gastos para manter a economia em movimento.
Procurados, o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda se negaram a comentar.
A remodelação do primeiro escalão do Palácio do Planalto fortaleceu um círculo de auxiliares de Lula que, pública ou privadamente, se opõem à agenda de Haddad pelo que consideram um foco excessivo na austeridade fiscal. O grupo, liderado por Costa, tem também o apoio do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Depois da divulgação da pesquisa Datafolha de fevereiro que mostrou queda significativa na popularidade do governo, Lula reuniu Costa, Padilha, Sidônio, Gleisi, Silveira e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para analisar o resultado, enquanto Haddad estava em viagem oficial no exterior.