Gleisi procura líderes para aproximação em meio a desconfianças sobre articulação política
Data: 28/02/2025 17:32:33
Fonte: www1.folha.uol.com.br
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, pouco depois de ser oficializada nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula, procurou líderes no Congresso e ministros para buscar aproximação, em meio a desconfiança sobre como será o seu papel na articulação política.
De perfil combativo e crítico, nas redes sociais e fora delas, Gleisi já travou embates com partidos, como criticando a entrega de siglas da base aliada, assim como com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também do PT.
Haddad foi um dos nomes para quem ela já fez um gesto e telefonou. Ela tem sido crítica à política econômica do ministro à frente da pasta.
De acordo com relatos de parlamentares, na ligação, ela comunicou a mudança, disse que vai melhorar a relação e que conta com a ajuda do líder. Além disso, chamou para a posse no próximo dia 10 e para uma reunião com ela, já empossada, na semana pós-Carnaval.
Parlamentares da base aliada acreditam que a entrada de Gleisi no governo gera expectativa de uma gestão com maior empoderamento. A expectativa é de que a relação próxima que ela tem com o presidente, de confiança absoluta e, ao mesmo tempo, de ser dura no enfrentamento, garantirá que compromissos serão honrados.
Uma das críticas à gestão de Alexandre Padilha (PT) na articulação política era sobre a dificuldade dele em resolver problemas dos parlamentares nos ministérios, seja com algum programa num município específico, seja na liberação de emendas. Agora, Gleisi poderia mudar essa dinâmica na Esplanada, dizem os mais otimistas.
“Ela foi senadora, é deputada, tem conexão direta com o presidente. Ela tem legitimidade para levar coisas a ele, é uma força política. Teremos uma ministra aliada e comprometida com o Congresso”, disse o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).
Em outra frente, parlamentares mais críticos se queixam de falta de trânsito da ministra no “varejo” dos deputados. Eles dizem ainda que ela tem menos interlocução com legendas de centro e mais à direita, o que é visto como decisivo num momento em que o governo está no mais baixo nível de aprovação.
Após o anúncio, Gleisi foi às redes sociais para comunicar a mudança. Ela agradeceu ao apoio do PT pelos anos em que esteve à frente do partido e falou em “construção conjunta com partidos aliados” na nova empreitada.
“É dessa forma que espero corresponder à confiança do presidente, em uma construção conjunta com os partidos aliados, o Congresso Nacional e demais instituições. Parabenizo o ministro Alexandre Padilha pelo trabalho que realizou”, disse.
Também agradeceu ao partido, dirigentes e militantes pelo apoio e citou “o estímulo do presidente Lula neste novo desafio, na certeza de que vamos fazer o melhor pelo Brasil”.
Segundo interlocutores, o presidente tem se queixado de falta de disputa política na relação com o Congresso Nacional. Nas conversas sobre a sucessão na pasta, Lula disse que deve a Gleisi a oportunidade para mostrar sua capacidade de articulação.
Lula afirmou ainda que a opção por ela no ministério seria um reconhecimento ao seu trabalho no comando do PT, onde está desde 2017. A Secretaria de Relações Institucionais é responsável pela relação do Executivo com o Legislativo.
Após o comunicado oficial desta sexta, Lula publicou nas redes uma foto ao lado de Gleisi, afirmando que ela “vem pra somar” no ministério.
A aliados Lula lembrou que a deputada trabalhou para construção de palanques nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, tendo conversado com todos os partidos que compuseram a aliança em torno de sua candidatura.