Ator brasileiro que esteve no Oscar: ‘Demi Moore t… | VEJA
Data: 02/03/2025 13:08:38
Fonte: veja.abril.com.br
As indicações de Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres ao Oscar resgataram um momento semelhante já vivido pelo cinema brasileiro, quando Central do Brasil concorreu ao prêmio americano, em 1999. Além do filme, também dirigido por Walter Salles, um nome voltou aos holofotes pelos fãs do longa: Vinícius de Oliveira. Aos 13 anos, o menino criado no Complexo da Maré, no Rio, viu sua vida mudar com o sucesso do filme, que o levou até a cerimônia da premiação de maior destaque do cinema, nos Estados Unidos. À coluna GENTE, o ator, hoje com 39 anos, lembra a experiência de 26 anos atrás, fala sobre a relação com o diretor e Fernanda Montenegro atualmente e explica o impacto de Central do Brasil na sua vida.

Como foi participar do Oscar há 26 anos? Foi uma experiência incrível. É sempre rico quando setem essa possibilidade de participar de qualquer grande evento cinematográfico, seja os grandes festivais europeus, como Berlim e Veneza, ou nos Estados Unidos. É um mundo gigantesco na potência máxima, oportunidade de conhecer pessoas, de estar nesse movimento de campanha. Tudo bem que eu era moleque, não estava entendendo direito o que acontecia. Dormia na maioria dos encontros dos jantares. Depois das recepções, a gente ia jantar, o pessoal ficava conversando em inglês e eu, muito novo, não sabia nada. Acabava dormindo na mesa.
O que foi Central do Brasil para você? Tanto na parte pessoal quanto para carreira, dá para falar dos dois ao mesmo tempo. É uma mudança total na vida. Uma virada, saio de uma favela no Rio, o complexo da Maré, para conhecer o mundo. Já na profissão, não tinha a menor perspectiva do que seria, tinha vontade de ser jogador de futebol, mas era só vontade. Até ter acontecido. A partir do momento que surge a oportunidade de estar dentro das artes, um novo mundo se abre. Hoje gosto de trabalhar como diretor e ator. Também estou escrevendo roteiro.
Ainda tem contato com Walter Salles e Fernanda Montenegro? Sim. Tenho mais com o Walter. A gente se fala sempre, inclusive falamos recentemente depois da premiação do Globo de Ouro da Fernandinha e sobre as indicações para o Oscar. Já a Fernanda, a gente se fala menos, quando se encontra em evento. Mas às vezes mando mensagem para ela, para saber como está.
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Segue atuando? Sim, fazendo filmes e séries. Tem também um filme para começar a rodar em festivais neste ano. E fora um que estou fechando parceria com duas produtoras de São Paulo para dirigir. Enfim, estamos na batalha.
Ainda é lembrado por Central do Brasil? Sem dúvida. Volta e meia me reconhecem na rua, comentam sobre o filme. Essas abordagens são muito carinhosas, na verdade.
E as novas gerações? Tem uma galera nova que está começando a resgatar o filme. Falam que nunca tinham assistido, mas que quando viram foi uma emoção. É um filme impressionante, tem esse lugar especial de bater as pessoas de maneira diferente.
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Tem vontade de fazer novela? Sim. Mas é uma questão de falta de oportunidades. Falando diretamente da TV Globo, fiz uma novela inteira lá, depois participei de uma ou outra, fiz também duas séries e um especial de fim de ano. Mas acho que pela quantidade de possibilidades, poderia estar em algum núcleo. Mas faz parte do mercado.
Depois desse resgate da memória de Central com Ainda Estou Aqui, chegou a receber convites? Não. Mas não é por causa de Central que aparecem os trabalhos. As pessoas do meio me conhecem e me chamam para trabalhar, porque acreditam que sou bom ator e que posso fazer personagem bacana. E também não tem muito a ver, foi um trabalho quando era criança. E é importante me olhar como estou agora.
Tem vontade de trabalhar com o Walter Salles de novo? Isso sim. Eu e todo mundo que trabalha nessa área. Walter tem muita coisa ainda pra fazer no cinema. Mas ele também tem um tempo particular. Como é um diretor exigente, sempre que pega uma história se aprofunda e sai para filmar só quando o negócio está todo redondinho. E isso leva tempo. Difícil dizer se vou trabalhar por agora com ele ou mais para frente. Mas a vontade, lógico, existe.
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Acha que a Fernanda Torres tem chances no Oscar? A chance tem por conta da qualidade e pelo que ela entrega no filme. É um trabalho extraordinário. Ninguém é contra isso. Agora, tem a questão política do Oscar, que por mais que sejam teorias da conspiração, acho que a Demi Moore tem mais de chance de levar, tanto pelo trabalho maravilhoso que ela faz no filme, e também por ser da casa. É uma premiação americana, a maioria dos votantes é de lá. Se tem uma americana, com talento, entregando trabalho bonito, que nunca foi premiada e está ali nesse momento… Prefiro seguir nessa linha.
O que acha que Central do Brasil não teve e que tem em Ainda Estou Aqui agora? É um pouco mais de diversidade. Há 26 anos não tinha tanta. O Oscar começou a entregar a diversidade de uns 10 anos para cá. Isso faz diferença. E também tem a qualidade. A gente deu azar de cair com A Vida é Bela. Todo filme sobre holocausto ganha. Até porque quem manda em Hollywood são os judeus. O dinheiro é o voto, entende? Então fazer uma campanha lá sobre filme de holocausto, é sucesso.
Quais são seus trabalhos atualmente? Estou com quatro projetos para serem lançados este ano. Estou começando a captação de recursos para um longa que vou dirigir. Tem um filme que vai estrear no cinema, Rio de Sangue, produção da Disney, além de uma série.
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