márcia huçulak
Créditos:Orlando Kissner/Alep

Há 50 anos, o Dia Internacional da Mulher reforça periodicamente a importância da pauta feminina nos seus vários aspectos: igualdade de gênero e menos preconceito, diminuição da violência e feminicídios, maior participação política e nos espaços de poder, trabalho e remuneração em igualdade de condições.

As bodas de ouro da celebração referem-se à data tornada oficial pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. A origem do 8/3, no entanto, remonta ao primeiro encontro internacional para defender direitos das mulheres, ocorrido em 1910, na Dinamarca.

São, portanto, 115 anos do primeiro registro de uma luta que ainda está longe de acabar e exige empenho de toda a sociedade.

Ano após ano, o Dia da Mulher foi se desdobrando em Semana da Mulher e mesmo em Mês da Mulher, com uma série de ações nos vários ambientes, seja por meio de campanhas corporativas, discussões de políticas públicas, homenagens e publicação de análises sobre as enormes diferenças ainda existentes na atuação de homens e mulheres.

Nesse contexto, me parece relevante conhecer e destacar quem foram algumas das predecessoras do movimento, principalmente aquelas que de certa forma estão mais perto de nós.

A partir da próxima segunda-feira (10/03) uma oportunidade estará dada por meio da exposição “Raízes Paranaenses – A Conquista do Feminino”, no Espaço Cultural da Assembleia Legislativa do Paraná, proposta por mim e com curadoria do Arquivo Público do Estado.

Conhecer, por exemplo, como e por que Maria Falce de Macedo ingressou em 1914 e se formou em 1919 na primeira turma de medicina da Universidade Federal do Paraná, tornado-se a primeira médica do Paraná.

Ou a façanha de Eneldina Alves Marques, a primeira mulher negra da Região Sul a se formar em Engenharia Civil, pela mesma UFPR – e com a proeza ainda maior de atuar de maneira efetiva em várias grandes obras do Paraná.

São exemplos inspiradores de um rol muito representativo que inclui Julia Wanderley, Cecília Westphalen, Chloris Justen, Alice Tibiriça, Rosy de Macedo, entre outras.

Foram mulheres que atuaram em momentos muito mais restritivos do que temos hoje, mas deixaram sua marca na História. Suas trajetórias podem ajudar a vencer as barreiras, que certamente são de outro viés, mas que ainda impedem que feitos como o de Enedina e Maria Falce não tenham se traduzido em condições gerais menos desiguais para mulheres no mercado de trabalho.

As trajetórias históricas das mulheres de A Conquista do Feminino se desdobraram para os dias de hoje. No entanto, apenas em 2025 uma mulher (a desembargadora Lidia Maejima) assumiu o principal posto no Tribunal de Justiça do Paraná. Foi só em 2022 que uma mulher (Marilena Winter) assumiu a presidência da OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil). A legislatura da Alep iniciada em 2023 tem o recorde histórico de mulheres – mas somos dez entre os 54 deputados.

Ainda hoje, menos de 30% do quadro executivo das mil maiores empresas brasileiras é ocupado por mulheres – e a maioria delas com a missão ingrata de ter de apresentar resultados muito acima do que seria cobrado dos homens.

A exposição permite que se vivencie a história de mulheres pioneiras, em áreas que até então eram proibidas a nós, e nos mostra que não há volta para trás. Vamos seguir conquistando nosso espaço.

Nós, mulheres que chegamos aos espaços de liderança, não chegamos sozinhas. Tivemos outras mulheres que abriram caminhos, que foram exemplos de coragem, determinação e resiliência. A elas nossa admiração e respeito.

Se quisermos uma sociedade justa e democrática, temos que dar oportunidades iguais para todas as pessoas, e isso pressupõe que as mulheres também ocupem espaços de poder e decisão.

Assim como somos mulheres, mães, irmãs, cuidadoras, temos a capacidade de ser engenheiras, cientistas, doutoras, presidentes e CEOs de instituições e empresas, desembargadoras, deputadas, governadoras, senadoras e presidente do país.

“As mulheres são o maior reservatório inexplorado de talentos do mundo.”

Hillary Clinton, ex-secretária de Estado e senadora dos Estados Unidos, foi candidata a presidência do país.

Viva as mulheres!!

Serviço

  • Exposição: Raízes Paranaenses – A Conquista do Feminino
  • Abertura: segunda-feira, 10 de março de 2025, 13h30
  • De 10 a 14 de março, das 9h às 18 horas.
  • Local: Espaço Cultural, primeiro andar da Assembleia Legislativa do Paraná.

*Márcia Huçulak é deputada estadual (PSD-PR) e ex-secretária de Curitiba. Tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz.