Trump provoca Powell e diz que esta é ‘hora perfei… | VEJA
Data: 04/04/2025 15:29:31
Fonte: veja.abril.com.br
Em sua rede social, Truth Social, Donald Trump fez posts comemorando resultados econômicos e engajando seu público em torno do que ele chamou de “a hora perfeita para ficar mais rico”. Fora dali, no entanto, economistas e investidores tem alertado para o risco de alta da inflação e desaceleração do crescimento com as novas tarifas de importação.
Na manhã desta sexta-feira, 4, Trump comemorou os dados fortes do payroll, relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA. “Números de emprego excelentes, muito melhores do que o esperado. Já está funcionando. Mantenham firmeza, não podemos perder!”, escreveu, em caixa alta. O relatório mostrou que os EUA criaram 228 mil vagas em março, acima da expectativa de 137 mil dos analistas.
Aproveitando o dado positivo, Trump voltou a pressionar o Federal Reserve por uma redução nos juros. “Este seria o momento perfeito para o presidente do Fed, Jerome Powell, cortar os juros. Ele está sempre ‘atrasado’, mas agora poderia mudar sua imagem, e rápido. Os preços da energia caíram, os juros caíram, a inflação caiu, até os ovos caíram 69%, e o emprego subiu — tudo em dois meses. Uma grande vitória para os EUA”, escreveu.
A mensagem foi publicada pouco antes do discurso de Powell em evento na Virgínia. Lá, o presidente do Fed alertou que os aumentos tarifários serão “significativamente maiores do que o esperado” e admitiu preocupação com os impactos nos preços e no crescimento econômico. “Embora a incerteza permaneça elevada, agora está ficando claro que os aumentos de tarifas serão significativamente maiores do que o esperado”, afirmou. “O mesmo provavelmente será verdade para os efeitos econômicos, que incluirão inflação mais alta e crescimento mais lento.”
Mais cedo, Trump reforçou ainda que “nunca mudará sua política econômica” e afirmou que este seria o momento ideal para investidores ficarem “mais ricos do que nunca”.
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Na quarta-feira, Trump detalhou seu pacote das “tarifas recíprocas”, que atingem praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA. O Brasil ficou com a alíquota mínima de 10%. Já a China arcará com uma taxa adicional de 34% – que se somam a outras tarifas já aplicadas anteriormente, somando mais de 60%.
Em resposta, Pequim anunciou nesta segunda-feira tarifas extras de 34% sobre os produtos americanos que chegam ao país.Nos mercados, o temor é de que o agravamento da guerra comercial comprometa o crescimento global.
Em março, a OCDE cortou sua projeção de expansão da economia mundial para 3,1% em 2025, ante os 3,3% estimados em dezembro. Segundo a entidade, as tarifas impostas por Donald Trump devem pesar especialmente sobre os Estados Unidos. A expectativa é que o país cresça 2,2% neste ano e desacelere ainda mais em 2026, para 1,6% — abaixo das previsões anteriores de 2,4% e 2,1%, respectivamente.