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Guilherme Weber celebra 35 de carreira com arte, intensidade e reinvenção

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Data: 20/04/2025 08:19:02

Fonte: correiobraziliense.com.br

Guilherme Weber, ator e diretor -  (crédito: Sergio Baia/Divulgação)

Guilherme Weber, ator e diretor – (crédito: Sergio Baia/Divulgação)


Ator, diretor e dramaturgo, Guilherme Weber se prepara para celebrar uma marca rara em tempos de volatilidade artística: 35 anos de carreira com os pés firmes no palco, nas telas e por trás das câmeras. Atualmente no ar como o bicheiro Marco na novela Volta por cima, de Claudia Souto, o artista se desdobra em projetos para o teatro e o cinema.


Guilherme diz que se sente feliz e grato por ter conseguido construir uma trajetória longa e diversificada. “São 32 anos de carreira profissional, tempo à beça (risos)… Tive a sorte de ter o chamado do ofício muito cedo. Então é aquele pensamento: um homem com um sonho é um homem com um exército”, reflete. Ele também reconhece os privilégios que o ajudaram a sustentar sua trajetória. “Tive uma boa formação quando jovem e isso foi um privilégio que precisa ser reconhecido em um país tão desigual.”



Versatilidade como vocação


Na televisão, são mais de 20 papéis, entre eles o vilão Tony, de Da cor do pecado (2004), que o lançou ao grande público. No cinema, participou de produções como Olga, Árido movie e dirigiu Deserto, com Lima Duarte, premiado no Festival de Cinema Brasileiro em Los Angeles.


“Hoje em dia o que me empolga são as parcerias, especialmente no audiovisual. Quem vai estar junto no barco para a aventura?”, comenta. “E, especialmente no teatro, o meu amor pela dramaturgia. A qualidade de um texto, como responder a todas as perguntas que ele propõe, tanto como ator quanto como diretor. Meu filme Deserto, por exemplo, é uma declaração ao ofício do ator.”


Delícia amoral dos vilões


Intérprete de personagens com personalidade ácida e moral duvidosa, Guilherme Weber confessa se encantar pelas camadas obscuras dos vilões. “É a oportunidade de frequentar lugares obscuros de si mesmo. Como são personagens que não vivem freios de civilidade nem de ética, têm uma liberdade desenfreada e selvagem que é cativante de assistir.”


Para ele, o vilão cumpre um papel simbólico fundamental. “Ele ajuda o espectador a reafirmar seus valores, pois vem para espelhar um herói, para equilibrá-lo. Usando meu lado nerd, é o equilíbrio entre o Batman e o Coringa. Um é a força da ordem, o outro é o caos. O Coringa tenta destruir a moral do herói, e o Batman se pergunta o quanto está distante daquele ponto. Como ele mesmo cita: ‘Meu maior medo é entrar naquele hospício e me sentir em casa’.”


Guilherme Weber, ator e diretor
“Tive a sorte de ter o chamado do ofício muito cedo”, afirma Guilherme Weber
(foto: Sergio Baia/Divulgação)


Parceria de longa data


Volta por cima marca a terceira novela de Claudia Souto com participação de Guilherme — uma parceria iniciada em Pega pega e continuada em Cara e coragem. “Da admiração mútua que nasceu desse trabalho realizamos o que estou chamando de ‘trilogia Claudia Souto’ (risos)… e que espero que vire em breve uma tetralogia.”


O ator celebra a liberdade criativa que a autora lhe proporciona: “Ela me deu personagens tão diferentes: um gerente de hotel afetadíssimo e também drag queen icônica em Pega pega, um cientista humanista em Cara e coragem e agora um bicheiro vingativo em Volta por cima. Que delícia explorar lugares tão diferentes do repertório.”


Para ele, há algo raro nessa relação: “É bonito quando acontece uma parceria entre autor e ator. Existe uma confiança na capacidade do outro em te surpreender que faz com que nos entreguemos sem reservas.”


Outro parceiro frequente é o ator Rodrigo Fagundes, com quem compartilhou novelas e palcos. “Foram três novelas, uma peça de teatro e outra que está a caminho. Rodrigo é, desde 2017, um dos meus melhores amigos de infância — mesmo que a gente tenha se conhecido já adultos (risos). Somos muito diferentes e ao mesmo tempo parecidos demais. Temos muitas paixões em comum e um alimenta o imaginário do outro. O que Claudia Souto uniu, ninguém separa.”


O futuro


No segundo semestre, Guilherme estreia seu quarto monólogo no Teatro Sesi, no Rio de Janeiro: O corpo mais bonito já visto nesta cidade, texto inédito no Brasil do catalão Josep Maria Miró. A obra gira em torno do assassinato de um adolescente de 17 anos em um vilarejo, levantando discussões sobre homofobia, violência e desesperança. Ao mesmo tempo, Guilherme aguarda o lançamento do longa Dr. Monstro, de Marcos Jorge, baseado no caso real do cirurgião plástico Farah Jorge Farah, que chocou o país. O elenco conta ainda com Taís Araújo e Marat Descartes.


Em 2026, Guilherme assume a direção da versão brasileira de Plaza Suite, clássico de Neil Simon que marcou o retorno de Sarah Jessica Parker e Matthew Broderick aos palcos em NY e Londres. Já em 2027, comandará a nova montagem de Chanel, com texto de Maria Adelaide Amaral. O espetáculo, sucesso na voz de Marília Pêra em 2004, retorna estrelado por Christiane Torloni.


Com inquietação, pluralidade e inteligência artística, Guilherme Weber segue o próprio conselho: “Um homem com um sonho é um homem com um exército” — e ele continua marchando com vigor.