Faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco – primeiro pontífice latino-americano da história. Ao longo de seus 12 anos de pontificado, Jorge Mario Bergoglio quebrou tradições centenárias e fez da sua liderança um símbolo de humanidade, inovação e busca incansável pela paz.

Nascido em Buenos Aires, o argentino teve uma juventude marcada pela simplicidade: foi porteiro e segurança de boate, fez bicos como faxineiro e se formou em Química aos 19 anos.

Aos 21, ingressou no seminário. Mais de cinco décadas depois, foi eleito papa em 2013, escolhendo o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis — gesto que já indicava a essência do seu papado: humildade, cuidado com os pobres e proximidade com o povo.

Primeiro jesuíta a liderar a Igreja, Francisco também foi o primeiro papa eleito com o antecessor ainda vivo. Conduziu 47 viagens internacionais, visitou regiões de conflito como o Iraque, foi pioneiro ao assinar uma Declaração de Fraternidade com líderes islâmicos e ampliou o diálogo inter-religioso.

Dentro da Igreja, promoveu mudanças profundas: montou um conselho de cardeais para compartilhar o governo do Vaticano, deu cargos de liderança a mulheres e autorizou voto feminino em sínodos e ainda nomeou a primeira mulher à frente de um dicastério vaticano. Também aboliu o segredo pontifício para casos de abuso sexual e redefiniu regras para maior proteção de crianças e adolescentes.

Em temas sociais, sua voz foi ativa: falou em defesa de imigrantes, do meio ambiente, da inclusão LGBTQIA+, dos pobres e das vítimas de guerra. Foi incansável ao condenar conflitos e fazer mais de 300 apelos por paz, especialmente na Ucrânia e no Oriente Médio.

Francisco também foi autor de livros marcantes como Laudato si’, sobre o cuidado com o planeta, Fratelli Tutti, sobre fraternidade global, e a autobiografia Esperança (2025), lançada este ano.

Apaixonado por literatura e torcedor fanático do San Lorenzo, deixou como legado uma Igreja mais aberta, próxima e humana.