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Bolsas de NY operam em forte queda após Trump reiterar pedido por cortes nos juros

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Data: 21/04/2025 12:16:14

Fonte: oglobo.globo.com

As ações americanas despencaram enquanto o presidente Donald Trump continuava a atacar verbalmente o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, por causa da política monetária, levantando preocupações sobre a independência do banco central americano. O dólar caiu, assim como os títulos do Tesouro de longo prazo. Por volta das 11h (hora de Brasília), o índice S&P 500 recuava 2,13%, enquanto o Nasdaq 100 recuava 2,67%. Já o Índice Dow Jones apresentava queda de 2,31%.

Trump postou em sua rede social que é a favor de “cortes preventivos” na taxa de juros e, de forma petulante, chamou o presidente do Fed de “perdedor”. Assessores econômicos de Trump afirmaram que o presidente está analisando se pode destituir Powell antes do fim de seu mandato, que termina no ano que vem.

Post do Trump na Truth Social em 21 de abril com novas críticas ao presidente do FED — Foto: Reprodução
Post do Trump na Truth Social em 21 de abril com novas críticas ao presidente do FED — Foto: Reprodução

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou com queda de 1,30%. As bolsas europeias não abriram nesta segunda-feira devido às comemorações da Páscoa.

Todos os 11 setores do S&P 500 operam em queda, com os papéis também sofrendo pressão das políticas comerciais incoerentes de Trump. O índice amplo já recuou quase 9% desde que Trump anunciou tarifas abrangentes contra a maioria dos parceiros comerciais dos EUA — para depois suspender muitas delas uma semana depois. Desde o recorde em fevereiro, o índice acumula queda de 16%. A Nvidia caiu 5%, a Delta Air Lines recuou 4,5%, e a Constellation Energy perdeu 6%.

— O otimismo em relação aos acordos comerciais está diminuindo, e a preocupação com os recentes comentários do governo Trump sobre o presidente do Fed é um lembrete de que recuperações de mercado raramente seguem uma linha reta — disse Mark Hackett, estrategista-chefe de mercado da Nationwide.

Outros destaques do pregão incluíram a Netflix, que subiu 2,9% após registrar lucro recorde no primeiro trimestre. Enquanto isso, a Tesla Inc. despencou após Dan Ives, da Wedbush, declarar que a montadora de veículos elétricos enfrenta um momento “código vermelho”.

A chamada “venda da América” ganhou força, à medida que aumentam os temores de que Trump realmente tente cumprir a ameaça de remover Powell do cargo. O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, afirmou na sexta-feira que Trump estava estudando se poderia demitir Powell, levantando novas dúvidas sobre a capacidade do Fed de manter sua tradicional independência.

As ameaças também pressionaram o dólar, fazendo com que um índice da moeda americana atingisse o menor nível em 15 meses. Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp., de Cingapura, disse que o fato de a credibilidade do Fed estar sendo colocada em xeque pode “minar severamente a confiança no dólar”.

Trump tem sido vocal em criticar o presidente do banco central por não agir rápido o suficiente para cortar as taxas de juros. Embora especialistas jurídicos digam que o presidente não pode demitir facilmente o presidente do Fed — e Powell não tem intenção de renunciar —, os comentários da Casa Branca sobre o assunto estão levantando preocupações entre os investidores.

“Nossa visão continua sendo que o presidente não tem poder para remover Powell, já que a política monetária é uma função legislativa, e não uma função do Poder Executivo,” escreveu Jaret Seiberg, do TD Cowen, em uma nota publicada na noite de domingo. “Isso é diferente de outras agências independentes. Dito isso, não acreditamos que questões legais impeçam Trump de agir, se ele estiver determinado a isso.”

“O próximo obstáculo no ‘muro das preocupações’ são os lucros corporativos, e o grau de incerteza em torno do comércio e das condições macroeconômicas vai gerar ambiguidade nas projeções empresariais, o que provavelmente resultará em revisões negativas nas estimativas,” disse Hackett.

A temporada de resultados continua nesta semana, com Tesla, Alphabet, Boeing e Inte entre os grandes nomes que devem divulgar seus balanços. A Tesla divulgará os resultados do primeiro trimestre nesta terça-feira, enfrentando uma crise de imagem provocada por Elon Musk e incertezas relacionadas às tarifas comerciais. Os resultados até agora foram considerados “mistos”, segundo Michael Graham, da Canaccord Genuity.

“Os resultados dessas empresas ainda não refletem totalmente os impactos das tarifas, e pode levar alguns meses até que conclusões mais claras possam ser tiradas, devido a adiantamentos nos gastos relacionados às tarifas e à instabilidade dos dados concretos,” escreveu Graham em uma nota nesta segunda-feira.

Enquanto isso, em uma ação que elevou a tensão na guerra comercial em curso, a China alertou os países contra firmarem acordos com os EUA que possam prejudicar os interesses de Pequim. Embora afirme respeitar as nações que buscam resolver disputas comerciais com os EUA, Pequim “se opõe resolutamente a qualquer parte que feche acordos às custas dos interesses da China”, disse o Ministério do Comércio em comunicado nesta segunda-feira.