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Coleção Cinema Negro Brasileiro, da Itaú Cultural Play, recebe filmes premiados no Brasil e no exterior – Revista d

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Data: 12/05/2025 15:30:48

Fonte: revistadecinema.com.br


A Itaú Cultural Play – plataforma de streaming gratuita de cinema nacional – incorporou mais 10 filmes à sua coleção permanente Cinema Negro Brasileiro, que celebra o trabalho desses cineastas com obras pioneiras, nomes históricos e a produção recente do audiovisual negro feito no país. Os novos títulos que entram no catálogo são oito curtas e dois longas-metragens, de gêneros como drama, terror, fantasia e documentário, vindos de oito estados brasileiros. Eles conquistaram prêmios em festivais nacionais e internacionais, como o Festival de Brasília e o Festival Internacional de Cinema de Valdivia, no Chile.

São eles: “Vão das Almas” (Distrito Federal, 2023), de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape; “Ramal” (foto, Minas Gerais, 2023), de Higor Gomes; “Espelho” (Sergipe, 2022), de Luciana Oliveira; “Chico Rei entre Nós” (Minas Gerais, 2020), de Joyce Prado; “Ilhas de Calor” (Alagoas, 2019), de Ulisses Arthur; “Não Fique Triste, Menino” (Ceará, 2018), de Clébson Francisco; “Negrum3” (São Paulo, 2018), de Diego Paulino; “Lá do Alto” (Rio de Janeiro, 2015), de Luciano Vidigal; “Das Raízes às Pontas” (Distrito Federal, 2015), de Flora Egécia; e “O Jucá da Volta” (Piauí, 2014), de Antônio Bispo e Júnia Torres.

O curta-metragem de terror “Vão das Almas” (Distrito Federal, 2023) acompanha uma família de quilombolas que luta para retomar sua terra, injustamente invadida por um coronel. Enquanto um capanga tenta tirá-los à força de lá, os moradores percebem que o território é guardado pelas figuras misteriosas do Saci-Pererê e da Matinta, uma mulher que se transforma em ave.

No filme, a dupla de diretores Edileuza Penha e Santiago Dellape apresenta as lendas de Saci e de Matinta como símbolos da resistência cultural dos quilombos. O curta-metragem foi gravado no Quilombo Kalunga, maior território quilombola do país, localizado na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. A maior parte do elenco e da equipe, inclusive, é de habitantes locais. “Vão das Almas” conquistou mais de 50 prêmios em festivais nacionais, incluindo o de melhor curta-metragem pelo júri popular na mostra Competitiva Nacional do 56º Festival de Brasília, em 2023.

Híbrido entre documentário e ficção, o filme “Ramal” (2023), do diretor mineiro Higor Gomes, mostra a tarde de diversão de jovens motoqueiros em um viaduto sem saída conhecido como Ramal Ferroviário, na periferia da cidade mineira de Sabará. De modo despretensioso, o cineasta insere o espectador no meio dos personagens, criando um retrato de um momento de lazer pouco conhecido pelas pessoas que não fazem parte da comunidade de motoqueiros.

A produção é considerada um dos melhores curtas-metragens de 2023, com mais de 10 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o de melhor curta-metragem da Competitiva Brasileira do 12º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, e o de melhor curta-metragem latino-americano do 30º FICValdivia – Festival Internacional de Cinema de Valdivia, no Chile, ambos em 2023.

No documentário “Chico Rei entre Nós” (Minas Gerais, 2020), um dos longas-metragens a entrar na coleção, a diretora Joyce Prado rememora a lenda desse personagem que, segundo o imaginário da cidade mineira de Ouro Preto, foi um rei congolês trazido ao Brasil para ser escravizado no século XVIII. Em uma trajetória de luta surpreendente, Chico Rei conseguiu a sua alforria e a de seu povo, tornando-se um símbolo do movimento negro.

O filme, que conquistou o prêmio de Melhor Documentário Brasileiro na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2020, parte da história dessa figura para mostrar os impactos da escravização na população negra brasileira até os dias de hoje.

Em “Espelho” (Sergipe, 2022), curta-metragem experimental da cineasta sergipana Luciana Oliveria, somos introduzidos à jornada de imersão psicológica e de autoconhecimento de Esperanza. O espelho, que a mulher encontra nas águas de um rio, leva-a em direção a sua ancestralidade, enquanto é acompanhada por divindades como Oxum e Iemanjá.

Tanto o curta-metragem alagoano “Ilhas de Calor” (2019), quanto o paulistano “Negrum3” (2018) – lê-se “Negrume” – tratam da intersecção da identidade negra e LGBTQIA+, mas de formas diferentes. No primeiro, um drama, o diretor Ulisses Arthur apresenta Fabrício, um adolescente gay que precisa lidar com uma paixão na escola. O segundo, experimental, coloca na tela um “manifesto” no qual jovens negros e LGBTQIA+ da capital paulista reivindicam sua liberdade e seu modo de ser e amar.

“Negrum3”, dirigido por Diego Paulino, foi exibido em mais de 80 festivais pelo mundo e ganhou mais de 40 prêmios, incluindo o Lili Award de melhor curta-metragem no MIX Copenhagen LGBTQ+ Film Festival 2019, na Dinamarca.

O curta-metragem “Lá do Alto” (Rio de Janeiro, 2015), de Luciano Vidigal – mesmo diretor do longa-metragem “Kasa Branca” (2024) – encanta crianças e adultos. Na Favela do Vidigal, na capital fluminense, um menino tenta convencer o pai a subir em um morro, no meio da floresta, para ficar mais perto de sua avó falecida, de quem ele sente saudades. O filme foi produzido pelo Nós do Morro, coletivo que atua há mais de três décadas com arte na comunidade, e foi premiado em vários festivais, incluindo o Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo.

O documentário “Das Raízes às Pontas” (Distrito Federal, 2015), de Flora Egécia, tornou-se uma referência no debate sobre preconceito racial e afirmação identitária em escolas e espaços educacionais do Brasil. Nele, vemos depoimentos de diferentes pessoas negras sobre seu cabelo: enquanto a pequena Luiza, uma estudante de 12 anos, fala com orgulho de seu cabelo crespo, a professora Ildete lembra que, na infância, usava penteados curtíssimos para escondê-lo. O filme foi premiado pelo júri popular no 49˚ Festival de Brasília, em 2016.

O outro longa-metragem novo na coleção Cinema Negro Brasileiro é “O Jucá da Volta” (Piauí, 2014), dirigido pela cineasta Júnia Torres em parceria com o filósofo quilombola Antônio Bispo (1959-2023). O documentário aborda o jucá, técnica de luta ancestral nascida nos quilombos do Piauí, terra de Nêgo Bispo – um dos vencedores do Prêmio Milú Villela- Itaú Cultural 35 anos, em 2022.

Reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil, o jucá combina movimentos corporais e batuque, além do manejo de uma arma feita a partir da madeira da árvore típica conhecida como jucazeiro. A narrativa resgata essa arte a partir de um de seus maiores praticantes, Mestre Ernestino.

Por fim, a coleção recebe o curta-metragem cearense “Não Fique Triste, Menino” (2018), de Clébson Francisco. Partindo de lembranças pessoais e de elementos diversos, como pinturas, narrações, filmagens amadoras e música, o diretor busca falar sobre identidade negra, masculinidade e ressignificação da própria memória.

O acesso à Itaú Cultural Play é gratuito, disponível em www.itauculturalplay.com.br, nas smart TVs da Samsung, LG, Android TV e Apple TV, nos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast. Você também pode encontrar conteúdos da IC Play nas plataformas Claro TV+ e Watch Brasil.