Porto Alegre segue em emergência pela dengue
Data: 14/05/2025 18:59:49
Fonte: jornaldocomercio.com
Com mais de 38 mil notificações e 7.414 casos confirmados até ontem, Porto Alegre enfrenta uma das piores epidemias de dengue dos últimos anos. O município permanece em estágio de emergência no Plano Municipal de Contingência para arboviroses — o penúltimo nível antes da “crise” — e vê a Zona Norte como principal foco da doença. Desde o início do ano, seis mortes foram registradas na Capital.
“A cidade ainda vive uma escalada de casos“, analisa Letícia Araújo, responsável pela vigilância de arboviroses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Segundo ela, apesar de uma leve redução nas notificações na última semana poder indicar o início de uma tendência de queda, impulsionada pela chegada do frio, os números continuam altos e exigem atenção máxima.
Das seis mortes registradas neste ano, duas ocorreram no bairro Passo das Pedras, e as demais nos bairros Vila Ipiranga, Jardim Itu, Rubem Berta e Jardim Sabará — à exceção do último, todos na Zona Norte. A área concentra também o distrito sanitário com maior número de casos: Eixo Baltazar (1.814). Depois, vem Noroeste (709) e Leste (669). A menor incidência está nas Ilhas, com apenas seis casos registrados até o momento.
Em relação ao mesmo período do ano passado (que já havia representado um grande aumento em comparação à 2023), houve aumento de 40% nas notificações de casos suspeitos, que passaram de 27.200 em 2024 para 38.067 em 2025, e de 68% nos casos confirmados, que subiram de 4.423 para 7.414. A letalidade está em 0,08%.
Diante do avanço, a rede de saúde tem buscado estratégias para absorver a demanda. “Há sobrecarga, especialmente na atenção primária”, relata Letícia. Para aliviar o sistema, a prefeitura instalou cinco tendas de atendimento e hidratação ao lado unidades de saúde, além de uma posicionada na frente do supermercado Stok Center, na avenida Manoel Elias. Todas estão ativas.
Agora, porém, com a consolidação e uma possível sequência de temperaturas mais baixas, a expectativa da SMS é de que os casos comecem a reduzir. A explicação está na biologia do Aedes aegypti: o mosquito não resiste por longos períodos a temperaturas entre 10°C e 13°C.
“Isso reduz a população de mosquitos infectados e, consequentemente, a circulação viral. O problema é que seguimos com dias de manhãs frias e tardes com 27ºC ou 28ºC, que favorecem a eclosão dos ovos. Precisamos de, por exemplo, uma semana de frio constante, o que deve começar a acontecer em breve”, explica Letícia.
A infestação do inseto segue em nível crítico — o pior status possível — e atinge praticamente todos os bairros. Aqueles com maior incidência de casos por 100 mil habitantes na última semana foram Farroupilha (129,2), Anchieta (126,4), Passo das Pedras (124,7), Jardim Lindóia (79,0) e Costa e Silva (66,2).
Até o momento, foram identificados três dos quatro sorotipos do vírus da dengue em Porto Alegre: DENV-1, DENV-2 e DENV-3. Segundo a vigilância municipal, no entanto, os casos dos sorotipos 3 foram importados de outros estados. “É importante reforçar que não há circulação sustentada dele na cidade. Foram apenas dois casos isolados e externos. Essa questão não deve causar alarme”, explica a responsável pela vigilância de arboviroses da Capital.
A SMS reforça o alerta para que a população busque atendimento assim que surgirem os primeiros sintomas — como febre alta, dores intensas no corpo, náuseas, vômitos e dor atrás dos olhos. “Estamos vendo muitos casos graves neste ano. A dengue tem tratamento e pode ser controlada com hidratação adequada, mas isso precisa acontecer”, conclui Letícia.
Como principal tratamento, a recomendação é que adultos com dengue consumam o dobro de líquidos do habitual (ex.: cerca de 4,2 litros por dia para um adulto de 70 kg). O uso de anti-inflamatórios é contraindicado, pois pode aumentar o risco de sangramentos. Sinais de alerta para agravamento incluem dor abdominal persistente, sangramentos e dificuldade de ingerir líquidos.
Em relação à vacina, Porto Alegre mantém a imanização contra a dengue para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Uma nova remessa de doses foi recebida nesta semana e já está sendo distribuída na rede pública. A faixa etária é a definida pelo Ministério da Saúde.
Controle do mosquito
Aedes aegypti
Eliminar criadouros
com água parada em:
Vasos de plantas
Ralos
Pneus
Garrafas
Caixas-d’água
Terrenos baldios
Proteção individual
Uso de repelentes
Roupas compridas
Telas nas janelas
Mosquiteiros
Inseticidas