Cinemateca Brasileira faz lançamento da nova edição do livro “Humberto Mauro, Cataguazes, Cinearte”, de Paulo Em�
Data: 23/05/2025 14:04:35
Fonte: revistadecinema.com.br
Tese de doutorado de Paulo Emílio Sales Gomes, defendida em 1972, este livro é um marco na pesquisa sobre cinema no Brasil e uma espécie de crônica de sua história e formação. Nestas páginas, o autor investiga a obra pioneira e a biografia de Humberto Mauro — um dos primeiros e mais importantes cineastas brasileiros — e recria, a partir de sua figura, a atmosfera de uma época decisiva para as artes no país. A contribuição da cidade de Cataguases, em Minas Gerais, e a influência da revista carioca Cinearte na formação de Humberto Mauro são o ponto de partida para uma história que ressoa até hoje.
Publicado em 1974, pela editora Perspectiva em coedição com Edusp, “Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte” foi restaurado no texto e nas imagens originais para esta edição, que celebra o seu cinquentenário. O restauro da obra implicou no estabelecimento rigoroso do texto pela comparação entre o manuscrito, o datiloscrito, a tese e o texto publicado na edição original. As imagens foram capturadas de fotogramas dos filmes analisados e de reproduções de época, e restauradas digitalmente.
No posfácio, o organizador analisa a fortuna crítica da obra e a primeira recepção desse estudo a partir das arguições da banca examinadora, composta por Walnice Nogueira Galvão, Rui Coelho, Alfredo Bosi, Francisco Luís de Almeida Sales e Gilda de Melo e Sousa.
Ao manipular as matrizes e cópias dos filmes de Mauro a equipe de Preservação da Cinemateca Brasileira descobriu divergências entre as versões encontradas de “Sangue Mineiro” (1930). Um dos rolos incorporados em 1979 continha planos adicionais e diferenças na montagem em relação à versão amplamente difundida e que foi objeto da análise de Paulo Emílio.
Quando o filme foi lançado em 1930, a crítica observou que, embora Mauro tentasse retratar uma cidade dinâmica e moderna, os planos iniciais que situam a ação eram excessivamente provincianos. É possível que, no decênio de 1950, por ocasião das retrospectivas históricas do cinema brasileiro, cortes tenham sido introduzidos pelo próprio Mauro, reduzindo a duração do filme para assim superar as críticas de época. Nas duas versões de “Sangue Mineiro” os inícios divergem e não são complementares.
A pesquisa de imagens para o livro levou a equipe da Cinemateca a reconstituir o filme supostamente na sua versão original, com sete minutos inéditos. Uma nova cópia foi produzida no Laboratório de Imagem e Som para ser apresentada no lançamento do livro.
Na ocasião, ocorrerá uma apresentação da equipe que participou da edição do livro e da reconstituição de “Sangue Mineiro”. O evento acontece no sábado, 24 de maio, das 14h às 20h, e inclui a exibição dos longas “Sangue Mineiro” (com trechos inéditos) e do estadunidense “Davi – O Caçula” (filme preferido do diretor mineiro), além dos curtas “Mauro, Humberto” e “Paulo Emílio Sales Gomes”. Os ingressos são gratuitos e o livro estará à venda no Foyer da Sala Oscarito Oscarito.